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Cidades

COVID AVANÇA EM TRIBOS E JÁ SÃO CINCO INDÍGENAS INFECTADOS EM AL

Ministério da Saúde notifica dois novos casos nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas

Por Nealdo | Edição do dia 03/06/2020

Matéria atualizada em 03/06/2020 às 06h26

| Cortesia

O número de casos de Covid-19 nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) de Alagoas e Sergipe aumentou 66,6% em 24 horas, saltando de 3 para cinco registros da doença, segundo boletim divulgado nesta terça-feira (2), pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde. De acordo com os dados, atualmente há oito casos suspeitos de Covid-19, enquanto doze já foram descartados. Segundo o Ministério da Saúde, os distritos indígenas atendem uma população de 13 mil índios distribuídos em 29 aldeias espalhadas por 10 municípios - nove deles em Alagoas, onde a população é formada por 10.771 índios de 11 etnias, a maioria situada no Alto Sertão e Baixo São Francisco, segundo um estudo sobre as comunidades indígenas de Alagoas realizado pela Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag). Os números de indígenas infectados pelo novo coronavírus é contestado pela Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), que, inclusive, denuncia uma morte de um índio alagoano, ocorrida no início de maio. A vítima tinha 56 anos, era da etnia Kariri Xocó e morava na aldeia Kariri Xocó, no município de Porto Real do Colégio. Essa informação não consta no boletim da Sesai. A coordenadora da Apib, Sonia Guajajara, ressalta que a Sesai faz uma seleção de quem eles acham que é indígena e quem não é. “Então, eles não registram indígenas que estão em contexto urbano”, enfatiza ela. “A própria estrutura da Sesai, sem atendimento próximo a algumas aldeias, faz os indígenas irem para os municípios. Lá, eles entram na contagem normal do Município, sem ser considerados indígenas com Covid-19”, disse Guajajara. Em nota, o Ministério da Saúde diz que desde janeiro a Sesai elaborou documentos técnicos para orientar povos indígenas, gestores e colaboradores sobre medidas de prevenção e de primeiros atendimentos à infecção pelo coronavírus.

“O Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo coronavírus em povos indígenas detalha como as equipes de saúde devem agir conforme cada caso”, destacou o ministério. “Todo esse planejamento e estudo antecipado resultam em atendimentos rápidos e eficientes executados diretamente nas aldeias”, completa.

Segundo os dados do ministério, há 1.371 casos confirmados de Covid-19 entre indígenas brasileiros, com um total de 52 mortes. Além disso, outros 387 casos suspeitos estão sendo investigados. A maior incidência da doença ocorre no Alto Rio Solimões, no estado do Amazonas, onde foram registrados até agora 387 casos de Covid-19. Como a Gazeta de Alagoas mostrou, o medo de contaminação pelo coronavírus levou caciques e lideranças das 11 tribos de Alagoas a apoiarem as medidas de isolamento social decretadas pelas prefeituras e pelo Estado. A preocupação dos caciques é com os índios que foram em busca de trabalho em cidades do Centro-Oeste, Sul e Sudeste (Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo). Com o desemprego provocado pela pandemia, a maioria está retornando em ônibus clandestinos. Entretanto, os caciques orientam os familiares a comunicar o retorno de índios ao posto de saúde e mantê-los em isolamento nas aldeias, por 14 dias, como preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS).

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