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Pandemia

PRORROGAÇÃO DA RESTRIÇÃO SOCIAL AUMENTA DESEMPREGO EM ALAGOAS

Setores produtivos começavam a retomar as contratações e foram obrigados a promover demissões

Por Arnaldo Ferreira | Edição do dia 12/06/2021

Matéria atualizada em 12/06/2021 às 04h00

Bares e restaurantes sentem a falta de consumidores devido às medidas de restrições
Bares e restaurantes sentem a falta de consumidores devido às medidas de restrições | @Ailton Cruz

O Ministério Economia divulgou recentemente que Alagoas foi o estado que mais fechou posto de trabalho intermitentes no País - 59 vagas extintas de janeiro a abril. O trabalho intermitente é aquele em que o empregado presta serviço somente quando chamado pela empresa e recebe apenas pelas horas trabalhadas. Além disso, o estado aparece com o pior resultado nacional na eliminação de postos formais de trabalho em abril, com 3.208 vagas, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A maioria desses postos está localizada no setor canavieiro, por conta da sazonalidade da safra. A situação tende a piorar. As outras maiores fontes empregadoras – hotéis, comércio, bares e restaurantes – preparavam investimentos em estoques e pessoal. Diante da terceira onda do coronavírus, foram obrigados a frear os projetos e promover mais demissões e suspensão de contrato de trabalho. Os que resistem à recessão nos setores produtivos passam por momentos de desespero. Os hoteleiros, por exemplo, destacam que a liberação de créditos oferecidos pela agência de fomento Desenvolve – no limite de até R$ 40 mil – ajuda os pequenos empreendimentos. “Na hotelaria, este crédito é pequeno e não atende a maioria", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Alagoas (ABIH-AL), André Santos. Os empresários do ramo de bares e restaurantes tentaram convencer o governador Renan Filho (MDB) a permitir a abertura dos estabelecimentos neste sábado e domingo por conta do Dia dos Namorados. “Poderia ter ocorrido uma exceção para shopping center, lojistas, bares e restaurantes aproveitassem o tradicional movimento deste 12 de junho. Nos daria fôlego. Não conseguimos a autorização”, lamentou o presidente da Associação dos Retalhistas de Maceió, Guido Júnior, ao destacar que estes setores fizeram investimentos altos para cumprir os protocolos sanitários. “Quando a gente se preparava para novos investimentos, renovar estoques, contratar pessoal para as vendas de junho, lamentavelmente voltamos à situação de fechamento nos finais de semanas e funcionamento restrito de terça a sexta. Os prejuízos são grandes”, disse o líder dos lojistas de Maceió. “Os setores produtivos continuam com as medidas e os protocolos sanitários. As autoridades sanitárias precisam cobrar a adoção das medidas nos mercados públicos, na melhoria do transporte público. O governo e a Prefeitura precisam trabalhar juntas para conter a contaminação em setores onde a fiscalização é deficiente”, completa. Diante da visível terceira onda da pandemia, com o aumento diário de contágio e mortes, o governador prorrogou por mais 15 dias as medidas de restrição social adotadas no último dia 27. As medidas adotadas até agora efetivamente não deram os resultados esperados. A ocupação dos leitos para pacientes com Covid-19 estava em 91% até esta quinta-feira (10), situação que o Ministério da Saúde considera como crítica. O percentual de pessoas vacinadas com duas doses entre os 3,3 milhões de habitantes é de 8,1%. O estado precisa vacinar mais de 65% da população para tentar controlar o avanço do vírus nos 102 municípios.

QUEDA DO TURISMO

Antes da pandemia, o aeroporto Zumbi dos Palmares recebia entre 25 e 30 voos diários. Entre março e agosto do ano passado, o aeroporto passou a funcionar com dois ou quatro voos diários. No verão a situação melhorou. Hoje opera com 12 voos diários. Diante do agravamento da situação e por falta de demanda, as empresas devem reduzir a movimentação na malha com destino a Maceió em julho. A previsão é do presidente da ABIH-AL. A maioria dos hotéis de Alagoas trabalha com menos de 20% de ocupação nos finais de semana. O custo da diária também caiu radicalmente. “Ninguém vai sair de casa para ficar trancado no hotel. Por isso, a nossa preocupação com o mês de julho”, disse André Santos, ao confirmar que o setor trabalha com um número bem reduzido de empregados e foi obrigado a demitir mais.

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