A preocupação de mais de 100 mil agricultores de Alagoas por causa de dívidas altas – algumas delas impagáveis – está com os dias contados. Desde ontem, eles podem procurar uma das 50 agências do Banco do Brasil para renegociar estes débitos com descontos que podem chegar a 95% do valor. O benefício atende a uma fatia considerável da região Nordeste e só foi possível após pedido feito pelo senador Fernando Collor (PROS) ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Coordenador do Movimento dos Agricultores Envididados e presidente da Cooperativa Agropecuária e Industrial de Arapiraca (Capial), Francisco de Souza Irmão, o Chico da Capial, comemorou a medida. Ele disse que esteve com Collor há cerca de 90 dias fazendo um apelo para que a situação dos produtores rurais do Estado fosse observada pela Presidência da República. Boa parte destes agricultores não tem mais crédito no mercado há anos, inviabilizando a produção. Muitos também já perderam as propriedades ou estão em vias de irem a leilão, já que os financiamentos contraídos no passado davam como garantia um percentual das terras. “Antes, o débito representava 10% da propriedade e, hoje, a propriedade não paga 10% dessa dívida”, disse Chico da Capial, em entrevista à TV Mar. Ele elogiou a atuação de Collor para o convencimento do presidente da República de que alguma medida urgente deveria ser tomada para beneficiar os produtores rurais. “Trabalho fantástico realizado pelo senador. Os agricultores do Nordeste têm até o dia 17 para se dirigir a uma agência do Banco do Brasil e buscar essa renegociação”, reforça. A direção do Banco do Brasil informou que as agências terão um funcionário exclusivo para este atendimento, o que deve facilitar e agilizar o processo. Os agricultores do Sertão de Alagoas são os maiores endividados. Eles foram penalizados com a pandemia, com os longos períodos de estiagem e devem ser a cota maior nestes pedidos de reavaliação dos débitos pela instituição financeira. Capial lembra que, apesar deste avanço, os produtores ainda estão com pendências junto à Caixa Econômica Federal (CEF) e ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Por isso, ele diz que vai a Brasília, esta semana, para tentar nova audiência com o senador Collor e com o deputado Arthur Lira (Progressistas), presidente da Câmara Federal. “Hoje, temos dois políticos fortes do Estado que são aliados do presidente da República. É a oportunidade que temos para resolver questões antigas e que estão travando o trabalho no campo. Os agricultores estão sem crédito, sem renda e não conseguem ampliar o negócio. Mesmo com a pandemia, as instituições financeiras continuaram levando as propriedades dos produtores a leilão. Por isso, precisamos de um suporte para evitar estes contratempos”, detalhou. O representante dos produtores endividados também faz um apelo pela derrubada do veto parcial do governo federal ao Projeto de Lei de Conversão nº 4, de 2021, que “altera a Lei nº 7.827, de 27 de setembro de 1989, para dispor sobre a renegociação extraordinária de débitos no âmbito do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Collor denunciou o drama de milhares de produtores que estavam assistindo suas propriedades leiloadas para a liquidação das dívidas. De pronto, Bolsonaro mobilizou o Banco do Brasil determinando uma solução efetiva para o caso em um curto prazo de tempo. Dias após o encontro com o presidente da República, o senador foi recebido pelo corpo diretivo do Banco do Brasil, em Brasília, onde lhe foi apresentada a proposta da renegociação das dívidas dos produtores alagoanos. São mais de R$ 500 milhões em débitos.