A CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado aprovou, nessa terça (12), os requerimentos para ouvir atacantes do Botafogo e do Flamengo sobre suspeitas de esquemas em apostas esportivas.
No caso de Luiz Henrique, do Botafogo, a CPI aprovou uma convocação. Ou seja, ele é obrigado a comparecer e terá que justificar uma eventual ausência. Para Bruno Henrique, do Flamengo, a CPI aprovou um convite. A presença, então, é facultativa.
Luiz Henrique é investigado por supostamente ter participado de um esquema de manipulação de jogos no Campeonato Espanhol, quando ainda defendia o Real Bétis. Logo depois da goleada por 5 a 0 do Botafogo sobre o Peñarol, pela Libertadores, Luiz Henrique falou rapidamente sobre o caso e alegou ser inocente. “Querem apagar o meu brilho, mas não vão conseguir. Deus está comigo, minha família está comigo, nada disso aconteceu”, afirmou o atacante.
Já Bruno Henrique foi alvo de cumprimento de mandados de busca e apreensão, na semana passada, depois de investigação aberta pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) apontar que o jogador teria forçado um cartão, em um jogo do Brasileiro de 2023. Na partida, entre Flamengo e Santos, em Brasília, Bruno Henrique entrou em campo “pendurado”, com dois cartões em jogos anteriores.
O atacante levou amarelo por falta em Soteldo aos 50 minutos do segundo tempo, quando o Flamengo já perdia por 2 a 1 (placar final do jogo). Ele reclamou do cartão de forma acintosa com o árbitro Rafael Klein e imediatamente foi expulso. A defesa de Bruno Henrique pediu, nessa terça-feira, o arquivamento da denúncia contra o jogador.
“Sim [sou inocente]. Recebi [a operação] de uma forma agressiva. Não esperava da forma que foi, mas eu acredito na justiça lá de cima. Deus é um cara que sempre sabe. Minha vida, minha trajetória, desde quando eu comecei a jogar futebol. Deus sempre foi comigo. E, cara, eu estou tranquilo em relação a isso. As pessoas que estão aí nessa batalha comigo, eu só peço que a justiça seja feita e separar fora de campo com dentro de campo” disse o jogador, em entrevista ao Troca de Passes, do SporTV.
Através de nota publicada nessa terça, a defesa do jogador do Fla ressaltou o caráter integro e a carreira vitoriosa de Bruno Henrique. Além disso, foi citada a investigação feita pelo STJD, apontando que o lance investigado, na partida contra o Santos em Brasília, não apontou inicialmente “nenhum indício de proveito econômico do atleta”.
“Após análise de documentos que baseiam a operação da Polícia Federal e do Ministério Público contra o atleta Bruno Henrique, do Flamengo, por suposta manipulação em partida válida contra o Santos pelo Campeonato Brasileiro de 2023, a defesa do atacante vem a público reforçar o caráter íntegro de seu cliente, que tem uma carreira vitoriosa moldada por ética e correção. Protocolizamos no último sábado na Justiça pedido de arquivamento da investigação e a imediata devolução de seus bens apreendidos em operação na última terça-feira”, disse a defesa na nota.
“É de se ressaltar que este caso já foi investigado e arquivado no STJD, por não encontrar indícios de manipulação por parte do referido atleta. O tribunal entendeu que o lance em questão, no qual foi aplicado o cartão amarelo a Bruno Henrique, nem sequer era passível de falta. O tribunal também destacou à época de sua investigação a inverossimilhança da tese de manipulação, uma vez que o referido atleta teria esperado até os 52 minutos do segundo tempo para receber um cartão amarelo supostamente premeditado, correndo o risco de ser substituído ao decorrer da partida”, prosseguiu.
“Protocolizamos também pedido para análise das informações que foram fornecidas pelas três casas de apostas mencionadas no processo à IBIA (International Betting Integrity Association). Nem a Polícia Federal nem o Ministério Público procuraram aferir se o método técnico-científico para a produção e extração dos dados que baseiam a denúncia foi devidamente observado(...). Esperamos que essa investigação possa também ser arquivada com brevidade para que o atleta possa seguir exercendo sua profissão com integridade e sem maiores danos à sua imagem, que já foi atingida de maneira injusta e irreparável por uma operação infundada”, encerrou.
Apesar da aprovação dos requerimentos, ainda não há uma data definida para que os jogadores sejam ouvidos pelos parlamentares. Além de Luiz Henrique e Bruno Henrique, o meio-campista Lucas Paquetá, hoje no West Ham (Inglaterra), também deve prestar depoimento à comissão.