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Maré

FAZER O BEM SEM OLHAR A QUEM

Em tempos de pandemia, ações solidárias e ideias inovadoras ajudam a minorar impactos da crise do novo coronavírus

Por MAYLSON HONORATO | Edição do dia 11/04/2020

Matéria atualizada em 11/04/2020 às 06h00

“Confiança em algo bom, fé” - essas são algumas das definições de “esperança”. Em meio à pandemia mais grave entre as enfrentadas pelas últimas gerações, esperança é mais do que uma palavra, é o caminho para a humanidade sair mais forte desta crise. Quem acredita nisso - na força da união - resolveu agir para unir esperança com solidariedade.

As histórias de pessoas que se doam para ajudar outras pessoas, durante a pandemia do novo coronavírus, têm se espalhado nas redes sociais. Em Alagoas, diversas ações transformam dias de tanta incerteza em dias melhores, principalmente para aqueles que já vêm sofrendo com a falta de tanta coisa: de amor, de teto, de comida, de carinho, ou simplesmente de fé em dias melhores.

Os amigos Pedro Teixeira, Matheus Reis e Davi Antônio resolveram encabeçar uma das iniciativas que pretende ajudar os moradores de Santana do Ipanema, município que ainda contabiliza os prejuízos causados pela maior enchente registrada nos últimos 40 anos na cidade. Em meio à luta contra o novo vírus, centenas de desabrigados e desalojados estão dependendo de doações para o básico.

Os jovens são estudantes de Direito e se juntaram ao coordenador do curso, Paulo Silva, para arrecadar alimentos, roupas e material de higiene para doar aos moradores de Santana do Ipanema, que têm recebido apoios por meio de uma corrente de solidariedade nas redes sociais, identificada pela hashtag #TodosPorSantana.

“Eu sempre fui de tentar ajudar. E esse caso realmente precisa de ajuda, não só minha, mas de todos que puderem. Eu fiquei muito triste com o que aconteceu, então, eu e meus amigos resolvemos fazer alguma coisa”, comenta o Pedro Teixeira, de 19 anos.

Na capital alagoana, as periferias e a população em situação de rua estão entre os segmentos sociais mais vulneráveis, não somente durante a pandemia. De acordo com Gustavo Marinho, da iniciativa “Periferia MCZ sem Corona”, diversos movimentos sociais que já atuam nas periferias de Maceió se uniram para apoiar as pessoas mais suscetíveis, tanto ao contágio pelo Sars-coV-2, como ao desamparo pela falta de emprego e consequentemente de alimento, decorrentes do isolamento social necessário para retardar os contágios pelo vírus. Ele explica que a ação possui três frentes.

“A primeira é de arrecadação de alimentos e materiais de higiene; a segunda é a convocação de voluntários fora dos grupos de risco. Um trabalho mais humano mesmo, ajudar na higienização do que foi arrecadado e separar as cestas básicas. A terceira é de orientação. Para isso contamos com o auxílio de profissionais de diversas áreas, principalmente de assistentes sociais. Isso vai desde a produção de conteúdo para as redes, explicando como essas pessoas podem ter acesso ao auxílio emergencial, por exemplo, até a ideia que estamos tentando construir, de fazer plantões presenciais para auxiliar a periferia a acessar o auxílio emergencial”, conta Gustavo Marinho.

Para a universitária Caroline Vianna, ajudar tem sido uma ocupação diária durante a quarentena. Ela veio estudar em Maceió há pouco mais de 1 ano e mora sozinha em uma casa dentro de um condomínio fechado, no Tabuleiro dos Martins. Logo nos primeiros dias de isolamento social, as postagens sobre pessoas ajudando idosos a motivou a fazer o mesmo. Ela ligou para alguns vizinhos e se dispôs a ajudar no que fosse necessário.

“A maioria estranhou, mas os que já me conhecem foram entendendo. Com o aumento no número de casos eles pedem mais coisas, pedem para comprar ou pegar alguma coisa na portaria. E eu tento ajudar, tento explicar o que fazer para prevenir a contaminação e até falei por telefone com os filhos de alguns, para eles não se preocuparem tanto”, conta a estudante.

“Eu acho que se todo mundo ajudar com o que pode as coisas vão ser melhores. Tudo vai ser melhor. Tudo isso vai passar logo e vão ficar essas boas ações que a gente praticou, independente de qualquer coisa, de religião, de política, de tudo isso que divide as pessoas. Tem muitos idosos que moram sozinhos aqui, acho que isso me motivou a ajudar mais”, finaliza.


PEDE PELO ZAP

Entre as iniciativas em rede está o movimento “Pede pelo Zap”, idealizado pelo consultor e especialista em vendas Fred Rocha. A ideia foi viabilizada em Alagoas por meio do Thiago Careca, do Sanduba do Careca, e consiste em um cadastro simples de negócios e prestadores de serviços, que adaptaram seus negócios aos tempos de pandemia e isolamento social.

“No segundo dia da quarentena eu fui até o Seu Davi, que tem um frutaria aqui perto do Sanduba do Careca. Ele já tinha comentando que não sabia o que ia fazer, porque teve que fechar por conta do isolamento. Como ele não tinha acesso às plataformas de delivery eu ofereci para ele vender as frutas dentro do nosso aplicativo”, conta Careca.

“Alguns dias depois eu vi a ideia do Pede pelo Zap, do meu amigo Fred Rocha, que mora em Montes Claros [MG], e conversamos para trazer para cá. Divulguei na quinta-feira pelo meu Instagram e na sexta já tínhamos mais de mil empresas e serviços cadastrados”, completa.

A ideia é uma relação mais próxima entre quem está vendendo algo e quem precisa comprar ou contratar. As empresas e trabalhadores podem utilizar o serviço a custo zero. O “Pede pelo Zap” fortalece um outro movimento que vem ganhando força, o “compre do pequeno”. Para usar o serviço, consumidores e fornecedores podem acessar o site (www.maceio.pedepelozap.com.br).

“Você encontra de tudo por lá e agora está disponível para todas as cidades de Alagoas. É só colocar o nome da cidade antes do ‘pedepelozap.com.br’. Essa semana precisei lavar o carro, por exemplo, e fui lá e encontrei o serviço, com o profissional vindo até aqui, pegando o carro e trazendo com o serviço já feito”, diz Careca.

O empresário alagoano Thiago Careca conta que foi motivado a trazer a ferramenta para Alagoas após se deparar com a situação do Seu Davi e perceber que existem outras centenas de empresários e autônomos na mesma situação.

“Não só neste momento, precisamos ajudar sempre. Se você segue minhas redes sociais você vai perceber que eu divulgo até quem é do mesmo ramo que eu, os pequenos, os que precisam. Eu não tenho essa ganância de ter tudo pra mim e precisamos ter esse diferencial como seres humanos”, diz.

“Muita gente está lutando aí e essa foi uma forma de juntar todo mundo para passar por essa crise, que está afetando todo mundo, juntos. Eu mesmo fui afetado, meu movimento caiu muito. Mas, não podemos parar, temos que ajudar os outros, independente do que acontecer. E seguir com muita fé em Deus e união, porque as ações que a gente faz, a gente não pode somente esperar retorno”, finaliza o empresário.



Para ajudar


#TodosPorSantana

Pedro Teixeira: (82)996362009;  Matheus Reis: (82)998110877;

Paulo Silva: (82) 996576104;

Davi Antônio: (82) 999164034, 988730259.

Consultar endereços para doações.


Periferia MCZ sem corona

(82) 99613-3314 ou 98852-1060

Possui diversos endereços para receber doações e cadastrar voluntários.


Pede Pelo Zap

Acesse: www.maceio.pedepelozap.com.br

Para cadastrar novos negócios e serviços ou comprar e contratar.

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