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MENTE SÃ, CORPO SÃO

Especialistas opinam sobre consequências de não se cuidar durante o isolamento e dão dicas para manter a autoestima lá em cima

Por EVERTON LESSA - ESPECIAL PARA A GAZETA DE ALAGOAS | Edição do dia 23/05/2020

Matéria atualizada em 04/06/2020 às 08h21

“É normal não se sentir bem [...] Lágrimas não são uma derrota. Todos estão sofrendo. Seja verdadeiro com quem você é” - Essa é a tradução de um trecho da música ‘Who you are’ da cantora britânica Jessie J. E ela dialoga demais com a mensagem desta matéria. O isolamento social é a principal arma contra o novo coronavírus e, como se trata de uma nova realidade, se por um lado o isolamento comprovadamente evita a propagação desenfreada do vírus, em contrapartida tem afetado a autoestima das pessoas que estão em quarentena, “presas” em suas casas. Tendo que ficar em casa o dia todo, muitas pessoas acabam deixando de lado cuidados básicos com o corpo, como fazer a barba ou arrumar os cabelos. - Se possível, mantenha esses hábitos para que seu corpo entenda que você está se cuidando na medida do possível. “É importante compreender que a baixa autoestima é um estado corporal, então tem sido comum as pessoas relatam alterações na qualidade do sono, tensões musculares e preocupações”, alerta o psicólogo Edson Silva. A principal dica dele é que devemos definir horários para trabalhar, cuidar da casa e cuidar de si próprio. “Tomar essa atitude vai trazer uma sensação de controle da situação e você vai se sentir mais confortável ao longo do dia”. Ele também alerta que, além das atividades profissionais, é importante reservar um tempo para atividades prazerosas, como ler um livro, assistir um filme ou quem sabe até praticar algum tipo de atividade física. Além de defender que manter-se isolado socialmente é necessário, mas não significa isolar-se afetivamente. “É importante manter vínculo de apoio com pessoas que nos fazem bem. Essas relações podem e devem ser mantidas através das redes sociais”, pontua. Ele conclui sugerindo que o indivíduo planeje seu dia, se conectando apenas com o momento presente, para evitar crises de ansiedade. “Não podemos controlar o futuro, então devemos focar no que estamos vivendo agora e no que de fato podemos fazer”, enfatiza. O autoconhecimento é um dos segredos para driblar os efeitos negativos do isolamento social. Devemos aproveitar esse período para conhecermos ainda mais nosso corpo e nossa mente. Muitos estão preocupados com a estética corporal, já que as academias estão fechadas e os treinos coletivos suspensos. Porém, praticar atividades físicas vai além de manter o corpo em forma. Autoestima está ligada ao hormônio endorfina, geralmente produzido durante momentos de atividades físicas. “Manter-se ativo proporciona relaxamento corporal devido a ação anti-inflamatória da endorfina. Consequentemente proporcionando prazer em praticar atividades físicas e melhorando a autoestima”, conta o profissional de educação física, Landerson Nunes. Landerson afirma que o ideal é que as pessoas não se cobrem muito e que não idealizem a rotina antiga nessa realidade atual. “Mudanças são difíceis e nosso corpo tende a rejeitá-las’’, diz. Ele reforça, afirma que ainda estamos nos adaptando a esta nova fase e que é normal o sentimento de ansiedade, insegurança e indecisão. “Desligar-se um pouco das tecnologias, ler conteúdos relevantes, praticar alguma atividade física, uma boa alimentação e garantir assim qualidade de vida, para que lá na frente não possamos sentir com mais peso, o retorno da rotina”, é o que defende a terapeuta ocupacional, Janiele Ramires. Para ela, além da importância de organizar os horários profissionais, é também necessário que o indivíduo programe um tempo para cuidar de si mesmo. Janiele afirma que quaisquer atividades que estejam ligadas ao autocuidado e promoção do bem estar são recomendadas neste momento. Segundo ela, atividades individuais ou coletivas, sem furar a quarentena, podem gerar a sensação de acolhimento, pertencimento e bem estar. Orientações passadas por um profissional são mais eficazes nos resultados e podem fazer a diferença neste momento. Quem deseja ir a fundo nos cuidados ocupacionais, o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de Alagoas autorizou que a prática das atividades possam ser realizadas virtualmente por profissionais registrados. “Então, qualquer indivíduo que sente a necessidade de auxílio/suporte profissional, pode tê-lo de maneira cômoda, por dispositivos tecnológicos. Nada como o olhar de quem consegue nortear as situações mais difíceis, que muitas vezes não somos capazes de enxergar, por estarmos vivenciando-as”. Algumas informações também são repassadas pelo site oficial do CREFITO-1 e redes sociais do Conselho.

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