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Para quem mantém o distanciamento social, especialistas comentam sobre rotina de autocuidado durante os dias de isolamento

Por DA EDITORIA DA REVISTA MARÉ | Edição do dia 25/07/2020

Matéria atualizada em 25/07/2020 às 06h00

Com tudo isso que o mundo vivencia, especialistas defendem que é imprescindível manter uma rotina de autocuidado para sair bem do distanciamento social - ainda muito importante para controlar a curva de contágios do novo coronavírus. Mas, autocuidado é uma palavra bonita que significa muito mais do que cuidar do corpo, dos cabelos, etc. Significa dar mais atenção à saúde mental e ao bem-estar.

Enquanto alguns estão ociosos em casa, outras pessoas têm uma rotina frenética de home office, com metas a cumprir e a extenuante necessidade de mostrar serviço. Para ambos, há perigos. Os ociosos podem passar os dias vidrados em números e notícias estressantes no noticiário, além da incerteza, solidão, dificuldades financeiras, etc. Já para os que trabalham na modalidade home office, o risco é de se descuidar da alimentação, além dos problemas que podem vir do “escritório improvisado”, com cadeiras e mesas não condizentes com as necessidades das tarefas.

Após quatro meses de isolamento social, Gustavo, de 27 anos, diz que suportou bem esse momento, pelo menos até agora. Ele ganhou 12 quilos em 3 meses e diz que saiu de casa somente para ir ao supermercado.

“No começo eu estava bem, mas na rotina do home office passei a comer muito fast-food. Engordei muito e só agora nesse último mês eu resolvi voltar a me exercitar, em casa mesmo”, conta. “Não está fácil porque a cabeça fica a mil o dia inteiro e a gente está em casa e parece que não têm tempo para nada. Aí eu comecei várias dietas também, em busca de perder os quilos que ganhei”, diz o universitário.

A realidade do maceioense é a mesma de muitas outras pessoas, que acabam descontando na comida a ansiedade decorrente do distanciamento social. Por essa razão, a Revista Maré foi em busca de dois especialistas alagoanos, que comentaram dois pontos essenciais para manter a rotina de autocuidado: alimentação e controle da ansiedade.

QUANDO TUDO É URGENTE

Para Edson Ferreira, especialista em saúde mental e mestrando em Psicologia, a ansiedade pode ser considerada uma reação natural do corpo diante de situações de perigo. Confira o breve bate-papo com o psicólogo.

ANSIEDADE

“Todos nós nos sentimos ansiosos diante de algumas situações, como por exemplo, diante de uma prova importante, como o vestibular. Porém, quando a ansiedade é intensa, frequente e duradoura e começa a atrapalhar nossa rotina ela passa a ser considerada um problema que requer atenção profissional especializada. Os sintomas podem variar, mas, dentre os principais, podemos citar: palpitação ou aceleração do coração, tremores, incapacidade de relaxar, nervosismo, dificuldade de respirar, indigestão ou desconforto abdominal, dentre outros. O diagnóstico deve ser realizado por profissional de saúde mental devidamente habilitado, como psiquiatras e psicólogos, através de acolhimento da queixa e orientação, sendo possível, por vezes, tratamento multidisciplinar, através de psicoterapia e utilização de fármacos.”

DICAS

“Manter uma rotina minimamente estruturada; praticar atividade física; reduzir o consumo de cafeína; evitar cigarro, álcool e outras drogas; alimentar-se com qualidade, manter o sono regular, bem como contato com pessoas queridas, mesmo que por redes sociais; ter um plano sobre como e onde buscar ajuda profissional, se necessário.”

NOVO NORMAL?

Retomar bem pressupõe nos mantermos bem até que isso seja possível. Pensamentos dirigidos ao futuro, preocupação excessiva e medo que algo dê errado são comuns no relato de quem convive com a ansiedade. Manter-se conectado com o momento presente, entendendo que estamos enfrentando uma situação sem precedentes e, portanto, aprendendo a lidar com ela, dentro do que é possível ser feito, é imprescindível para nos sentirmos mais seguros e menos vulneráveis. Por isso a importância de planejar e manter uma rotina minimamente estruturada.

CONVIVÊNCIA

Uma das consequências do isolamento social é a ampliação do tempo de convívio dentro das famílias. Todas as relações sociais enfrentam problemas, naturalmente. Porém, a pandemia tem produzido perda de empregos, problemas financeiros, adoecimento, mudanças de hábitos, por exemplo, que funcionam como eventos estressores. Pesquisas demonstram o aumento da violência doméstica durante a pandemia, e consumo de álcool, o que demonstra a necessidade de se buscar apoio social para enfrentar esse momento. O desafio é manter o diálogo e o respeito; uma rotina para a realização das atividades domésticas e também para atividades de lazer e autocuidado.

COMENDO SEM PARAR

Por outra perspectiva, o nutricionista Adolfo Lima analisa que a busca repentina por comida se tornou outra reclamação comum da quarentena. Em relação ao ganho de peso ou à busca por dietas neste momento ele sugere bom senso.

ESSE É O MOMENTO DE FAZER DIETA?

Você̂ pode até pensar que, por estar em casa, agora não é o momento de se cuidar, cuidar da alimentação, emagrecer ou fazer exercício físico. Porém, precisamos entender que não sabemos o quanto essa situação pode demorar a passar. O autocuidado é um bom primeiro começo e que está ao seu alcance! Alimentaçã̃o equilibrada, exercício físico diário, cuidado mental e higiene farão sim toda a diferença.

COMO TER UMA ROTINA DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DURANTE A QUARENTENA?

Tentando preencher seu dia com o máximo de ocupação possível, seja com atividades física, estudos, leitura de livros o importante é ocupar ao máximo seu tempo e mente. Isso manterá você longe das tentações.

Algum tipo de alimento deve ser evitado nesse período?

Alimentos industrializados, comidas gordurosas e carregadas, porém, foque em tentar balancear com uma alimentação saudável e atividade física.

Nutricionista Adolfo Lima comenta sobre a atenção necessária para com a alimentação
Nutricionista Adolfo Lima comenta sobre a atenção necessária para com a alimentação - Foto: Divulgação
 

Edson Ferreira fala de cuidados com  a saúde mental
Edson Ferreira fala de cuidados com a saúde mental - Foto: Divulgação
 


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