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Nº 5691
MARÉ

O GAROTO DA TV

Em entrevista exclusiva, o ator e apresentador Bruno de Luca fala sobre a carreira, experiências e os sonhos, além de dar detalhes sobre a nova temporada de ‘Vai pra Onde?’

Por Everton Lessa - Especial para a Gazeta de Alagoas | Edição do dia 24/07/2021

Matéria atualizada em 24/07/2021 às 04h00

Bruno de Luca estreou nas telinhas da Rede Globo na novela Fera Ferida (1993) e logo depois engatou na primeira temporada da novela Malhação (1995), onde permaneceu por cinco temporadas. De lá pra cá surgiram filmes, programas de TV, cobertura de eventos e muita versatilidade. Aliás, essa palavra pode definir bem o paulista, que coleciona diversas funções no currículo e que, além do carisma diante das câmeras, sabe fazer acontecer nos bastidores, enquanto roteirista, diretor e até editor quando necessário.

Em entrevista exclusiva à Revista Maré, De Luca fala sobre carreira, experiências e sonhos.


MARÉ. Você começou sua carreira com 10 anos. De lá pra cá, qual o momento mais marcante para você?

BRUNO DE LUCA. Foi muito marcante quando fiz a capa da revista da TV, do Jornal O Globo. Eles davam nota e eu ganhava dez direto, era uma criança boa no que fazia. Hoje em dia não ganho mais nota dez. (risos). Saí na capa na primeira vez que trabalhei com Faustão, tinha 14 anos. Fui repórter dele nesse período, enquanto fazia Malhação. Estava no carro com a minha família, veio um cara vender jornal e minha mãe comprou todos. Ficamos vendo o jornal, super felizes e foi um momento marcante. Mas meus pais sempre foram muito pé no chão, nunca ligaram para esse tipo de coisa, então, para mim era tudo muito comum. Eles tratavam como uma atividade extra-curricular.


Foram 5 anos no elenco de Malhação, que na época era uma grande febre entre os adolescentes. Como foi esse período?

Foi muito maneiro, até então era tudo muito incerto na minha carreira. Continuava na luta, antes de estrear na novela ficava ligando nas agências, procurando testes, já era atormentado. Nem era ator direito e já sofria, batia papo com as produtoras de elenco e reclamava da vida, falava que era muito difícil ser ator. Com doze anos, quando comecei a fazer malhação, me pareceu que era pra valer. Na ‘Fera Ferida’ era legal, mas eu aparecia pouco, reclamava com meu pai e ele brincava: “É sua primeira novela e você já quer aparecer igual o Edson Celulari” e eu dizia: quero. (risos). Foi quando senti que tinha relevância no elenco.


No período de gravação de ‘Malhação’ você se dividia entre carreira e vida de estudante. Como foi conciliar esses compromissos?

Era uma rotina muito pesada, porque eu estudava pela manhã no Santo Agostinho, que era um colégio dificílimo. Minha mãe não deixava eu sair. Tentava fazer supletivo e ela não permitia. Às vezes, quando não estava gravando, aparecia uma professora lá no estúdio. Era uma vida cansativa, chegava em casa dormia, no outro ia pro colégio e depois à gravação, mas era maravilhoso. Minha mãe ainda me botava no ‘Kumon’ que é um curso japonês de matemática. Daí, quando eu ia para ‘Malhação’ era meu paraíso.


E agora Malhação entra no Globoplay, como o Bruno de hoje olha para o Bruno daquela época?

Amo ver e rever. Era um moleque muito feliz, preocupado em dar certo, acertar, fazer boas cenas. Ao mesmo tempo que gostava de curtir, gostava do que fazia. Sempre sonhei em ser ator. Assistia muito filme, babava pelos atores mais velhos. Meu personagem era chato e eu era diferente do meu personagem. Lembro que as pessoas nas ruas me xingavam muito e agora, vendo, começo a entender o motivo, porque o personagem era muito chato. (risos). Me via como um menino muito determinado e a fim de curtir tudo.


No ‘Vai pra Onde?’ você conduz o espectador numa viagem com você. Nesta temporada, as gravações foram feitas num período “diferente”, como funcionou ?

Foi totalmente diferente do que estamos acostumados, sempre foi um programa de comportamento. Além de mostrar as belezas, a gente sempre foi muito social. E fazer durante a pandemia foi um desafio, às vezes frustrante, mas ao mesmo tempo gratificante por poder trabalhar. Me arrisquei indo para os lugares, precisava trabalhar. Muito álcool em gel, muita máscara para os outros porque encontramos muitas pessoas que não eram a favor da máscara. Se não usavam máscara, a gente saía fora. O programa, além de entreter, mostrou que é possível fazer uma viagem com sua família, de carro, sem entrar em avião.


Você é um cara viajado. Qual dica daria para alguém que está prestes a embarcar numa aventura?

Não se estressar. As coisas dão errado em viagens. Voos atrasam, aeroportos fecham, pessoas desmarcam, hotéis decepcionam. Você tem que estar de boa, saber que acontece com todo mundo e ir tranquilo. Ser tolerante, se você vai viajar com alguém. É paciência, seja numa viagem a trabalho ou de férias.


Você é um cara extremamente versátil. Coleciona várias experiências em diversos meios. Mas, o que prefere fazer? TV, Cinema, Rádio ou Internet?

Se fosse outra época iria falar que todos, mas sendo honesto comigo, acho que a televisão. Desde pequeno, o que me fascinou foi aquela caixinha. Para entrar na TV fiz teatro, fiquei apaixonado, mas queria a TV. Depois comecei a fazer filmes, amo o cinema, minha passagem pela rádio foi maravilhosa, o improviso, o fato de ir como você quiser, ser criativo pela voz e descrever tudo. Mas a TV é o que mais curto, me amarro em fazer, e ao vivo, então, é ainda mais maneiro.


São anos de uma carreira de sucesso. Existe algum sonho ou realização que você ainda almeja alcançar? Ou se sente totalmente realizado?

Os meus sonhos vão mudando muito ao longo dos anos. Meu sonho era ser ator, consegui. Depois as coisas foram mudando e meu sonho era ter um programa de viagens, consegui ter. Até pouco tempo atrás, era ter um programa de auditório, onde pudesse ser um animador, chamar bandas. Meu sonho é que os projetos continuem dando certo. O que antes era um problema, hoje em dia é uma vantagem. Faço programas, sou influencer, gravo filmes, às vezes como diretor, outras escrevo para outros artistas. Vivo de pequenos grandes sonhos. A maturidade me trouxe isso: calma. Deus é tão bom, que uma hora Ele tira uma coisa que você tá cismado para te dar outra depois. Jogo nas mãos de Deus.

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