Autêntico, representativo e atemporal. Assim é a coleção que o estilista alagoano Antonio Castro levará para o São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil, este ano. As belezas de Alagoas e do São João são o tempero do desfile de “Arraial pt.2”. Estreando na maior vitrine fashion do país, o jovem designer busca alçar voos ainda mais altos.
A coleção será apresentada no formato de fashion film. O público conhecerá as peças através dos cenários do povoado Ilha do Ferro, principal celeiro do artesanato alagoano. Cheia de referências sobre o universo do São João, a coleção surgiu a partir da vontade do estilista de falar sobre as festividades populares do Brasil e o entendimento de que, talvez, o São João seja uma das festas mais universais.
A coleção será exibida dia 24 de Maio, com uma sessão especial de cinema para convidados no Shopping Iguatemi, que receberá os fashion films das marcas: À La Garçonne, ÀLG, Ateliê Mão de mãe, Corcel, De Pedro, Fauve, Foz, Glória Coelho, Irrita, Modem e Naya Violeta.
“Arraial é cheia de inspiração na cultura popular, nas manualidades, no artesanato tradicional de Alagoas. Os bordados, rendas, cestaria em palha seguem presentes só que com um olhar mais maduro. Além de também trazer, o fuxico, o crochê, artesanatos que muitas vezes surgem nas casas das nossas famílias”, contou Antonio Castro.
Sendo a segunda parte da coleção que iniciou em novembro de 2022, esse momento da marca de Antonio traz peças focadas no inverno e em um momento mais maduro do que o da parte 1, que abordou São João em um período de verão.
De acordo com ele, trabalhar um tema durante todo o ano é um dos princípios da marca que ele dirige, o que possibilita um estudo mais aprofundado e amplo sobre cada temática. Além disso, o estilista também busca inspiração em suas vivências para criar cada peça.
“Não queria fazer uma coleção focada especificamente em um folguedo alagoano, já que estamos tentando nos comunicar com o Brasil de forma ampla, eu preciso que o brasileiro se identifique e não queria que fosse uma coleção de São João e sim sobre o São João, trazendo os aspectos da cultura popular e do mundo pop, no sentido de ser tão pop quanto o carnaval.”, explicou.
Por um acaso do destino ou ironia da vida, muito antes de haver a possibilidade da estreia na SPFW, a coleção já havia sido pensada e criada na Ilha do Ferro. Segundo Antonio, o processo aconteceu de forma intuitiva enquanto tirava férias, coincidentemente, o desejo da realização de um fashion film também já existia.
“Antes de acontecer o convite para o SPFW a gente já estava pensando em fazer um fashion film, ilustrado com uma festa de São João de quintal, e quando veio a possibilidade busquei amigos, profissionais alagoanos que me ajudaram a fazer acontecer”, contou ele.
Ansioso e realizado com o novo passo dado pela marca, o estilista Antonio Castro revela que o fashion film irá representar o povo da Ilha do Ferro, trazendo um filme contemplativo e que mostra como a é a vida em um vilarejo sertanejo.
“Mostraremos o lado ordinário do extraordinário da Ilha do Ferro, que é o povo, o costume, a vida. A sensação de estar vivendo tudo isso é de dever cumprido! Foi a isso que eu me propus desde o começo da marca, que só tem dois anos e é muito pouco tempo, mas sempre tive essa clareza de que eu queria que fosse sobre o meu quintal, tudo que eu vivi, conheci e fui exposto nessa vida”.
Enquanto a estreia do designer na fashion week será de forma híbrida, com a exibição do seu fashion film, sua marca ganha as passarelas em novembro.
Com apenas três anos, a jovem marca do designer alagoano, a FOZ, surgiu durante o período pandêmico e é desdobramento do projeto de conclusão de curso de Antonio Castro, que é formado em Design de Moda com habilitação em Estilismo pelo Centro Universitário Senac.
O alagoano, que passou sua infância e adolescência entre a capital e o sertão alagoano, hoje retrata através da moda os detalhes dos momentos vividos e capturados pelo seu olhar atento e afetuoso.
Sendo apaixonado por arte, artesanato e moda desde novo, Antonio enxerga na marca uma forma de unir tudo aquilo que sempre admirou.
“Surgiu como um lugar onde eu poderia exercitar minha relação com a moda e retomar o contato com o grupo de artesãos que me ajudaram a construir meu TCC em 2018. Ela surge como a minha retomada à moda, tentando encontrar um espaço de convergência entre moda, artesanato e cultura popular. Felizmente, até o momento, tudo tem dado certo e minha sensação é de dever cumprido”, disse o estilista.
*Sob supervisão da editoria da Revista Maré