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Opinião

ÉTICA SOLIDÁRIA

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Por Edson Vismona. advogado, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial | Edição do dia 02/06/2020

Matéria atualizada em 02/06/2020 às 06h00

Vivemos um momento particular. Mais do nunca precisamos ser solidários e entender a importância da união para passarmos da melhor maneira possível por este período de confinamento social. As pessoas e empresas precisam repensar seu comportamento e ter esta atitude.

Não é o momento de cobrar multas para aqueles que não podem viajar, de aumentar preços sem justificativa, para se aproveitarem da alta demanda ou de ter alguma iniciativa que fuja da ética, da solidariedade e do respeito ao próximo. Levar ao pé da letra o termo SER HUMANO e exercer a convivência solidária. Mesmo assim, infelizmente, temos visto alguns maus exemplos com aumentos abusivos de preços, estocagem de mercadorias, adulteração de produtos, desvios de verbas na compra de insumos e equipamentos hospitalares, entre outras situações completamente abusivas e antiéticas. Todos são prejudicados, a sociedade e a economia, pois essa elevação de preços impossibilita uma melhor atenção e o acesso de famílias de baixa renda à produtos e serviços essenciais nessa hora de grande dificuldade. O armazenamento sem necessidade por consumidores e comércio com produtos de higiene, limpeza e alimentos também dificulta o acesso de outras pessoas, desequilibra o mercado e pode encarecer o preço. Em verdade, individualmente e corporativamente, precisamos assumir nossas responsabilidades em prol do coletivo e, especialmente, dos mais vulneráveis. As empresas precisam criar mecanismos de autorregularão para coibir essas práticas. Precisamos ampliar e nos inspirar nas iniciativas positivas da indústria, comércio e serviços que estão mantendo o emprego de seus funcionários, apoiando o esforço de governos, auxiliando em projetos sociais - como as doações de empresas privadas na ampliação de leitos e apoio na construção de hospitais de campanha - ou companhias que produziram e doaram álcool gel e insumos às instituições de saúde. Sem esquecer das inúmeras iniciativas de grupos de voluntários orientando, arrecadando e distribuindo alimentos para a população mais carente. Ações solidárias nos fazem “mais” humanos e devem contagiar a todos. Esses exemplos, no momento desse esforço de guerra, devem nos nortear no futuro fortalecendo a convivência. Mas, tudo isso vai passar e a pergunta que fica é: como reagiremos depois? O que restará? Como conseguiremos retomar a economia? São muitas incertezas que nos afligem nesse momento. Decisões difíceis estão sendo tomadas, muitas impopulares. Oxalá essa postura corajosa nos estimule e, ultrapassada essa tragédia, desperte em nossos governantes o efetivo compromisso de realizar as reformas estruturais, para que o Brasil enfrente e supere seus históricos desafios. Temos que deixar de pensar na próxima eleição, mas sim no destino da nossa sociedade. Este é o caminho que devemos seguir. O momento pede calma sim, mas urgência nos quesitos humanitários, na convergência de propósitos e muito discernimento para fazer com que o país reaja o mais rápido possível e possa seguir com as necessárias mudanças.

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