Gazeta de Alagoas
Pesquise na Gazeta
Maceió,
Nº 0
Opinião

DEBILIDADE PRODUTIVA

.

Por Editorial | Edição do dia 26/09/2020

Matéria atualizada em 26/09/2020 às 06h00

“É necessário romper com a inércia, que praticamente mantém inalterada a estrutura fundiária do Estado, com o objetivo de ampliar a capacidade de produção de alimento, visto que não é mais sustentável esse modelo produtivo agrícola sem diversificação e com predomínio quase exclusivo de cana e pecuária”.

Esta afirmativa consta em documento oficial de 36 páginas, intitulado “Diversificação produtiva como alternativa para a área canavieira de Alagoas”. Foi concebido, em 2017, pelo Núcleo de Estudos e Projetos da Secretaria do Planejamento, Gestão e Patrimônio do Estado, sendo também chancelado pelo próprio governador. No ano anterior, o mesmo Núcleo de Estudos e Projetos já havia formulado um documento, de 56 páginas, sobre a agricultura familiar alagoana. Da mesma forma, chancelado e reconhecido pelo chefe do Executivo. Dissecando o tema, demonstra que a agricultura familiar é responsável por 72.2% do emprego da mão de obra rural no Estado. O debate do tema é oportuno, pois a Secretaria de Agricultura detém um dado tão atual quanto preocupante, que bem revela a inércia a que se referiu o estudo do próprio governo, efetuado há três anos. Quase 71% dos hortifrutigranjeiros consumidos pelos alagoanos são oriundos dos Estados da Bahia e Pernambuco. A produção dos gêneros de primeira necessidade bem se adequa à agricultura familiar. Há quatro anos, o estudo governamental acerca do tema já ensinava ser ela voltada para as necessidades básicas da população, gerando emprego e auxiliando a desconcentrar a riqueza num Estado marcado por enorme abismo social. Os técnicos apresentaram o receituário ao governo, pois apontaram a diversificação produtiva como algo importante para reduzir custos na aquisição de alimentos pela população consumidora. É algo de grande alcance social, sobretudo num Estado que detém um dos maiores índices de pessoas em situação de extrema pobreza, conforme atestou o IBGE. Como se vê, não foi por ausência de estudos e diagnósticos, muito bem elaborados por técnicos, que o Estado de Alagoas deixou de realizar um salto na diversificação produtiva. Faltaram vontade política e foco para converter nossas terras férteis num celeiro de produção de alimentos e geração de oportunidades.

Mais matérias desta edição