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Opinião

LIBERDADE CONDICIONAL

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Por Alfredo Gazzaneo Brandão – engenheiro civil | Edição do dia 07/04/2021

Matéria atualizada em 07/04/2021 às 04h00

O dia 04 de abril de 2021 vai ficar guardado em minha memória pelo resto da minha vida e espero que seja por muito tempo.

Condenado por um crime que não cometi, permaneci preso entre quatro paredes, num ambiente que mesmo agradável e confortável, traz o desconforto da ausência de liberdade, do isolamento social, do olhar no olho, do contato, do abraço. As consequências de um confinamento são danosas para todo e qualquer ser humano. Para pessoas racionais, irrequietas, cheias de sonhos e projetos para realizar, são ainda muito mais fortes. Que expliquem os psicólogos e psiquiatras que nunca foram tão solicitados em busca de ajuda, para tentar recolocar no lugar, pensamentos sentimentos e desejos, além de encontrar respostas para os inúmeros questionamentos surgidos em decorrência desses acontecimentos e de suas consequências. Com muita ousadia, teimosia e irreverência, atributos dos quais muito me orgulho, tentei, a todo custo, driblar os efeitos causados por essa prisão imposta pela vida: inadmissível, inaceitável, muito embora até certo ponto justificável.

Esperei o dia em que me seria permitido abrir as grades da prisão e voltar aos poucos, comedidamente, a exercitar o meu bem maior: minha preciosa liberdade. Sei que ainda não estou totalmente livre da pena, que ainda tenho contas a prestar! Mas o fato de já estar em liberdade, mesmo que ainda não definitiva, consola-me um pouco, abrindo novos horizontes, mostrando perspectivas, me deixando-me escolher e decidir, como e de que forma devo agir.

Exercer o poder de decisão é, para mim, de fundamental importância. Não abro mão desse direito de acertar ou de errar, desde que seja em decorrência do exercício da minha vontade. Dessa forma, torna-se muito mais fácil encontrar respostas, entender o porquê das coisas e assumir as consequências dos meus atos. Em contraponto, minhas ações poderão afetar aos que ainda não alcançaram este mesmo direito, aumentando, numa proporção maior, minha responsabilidade em relação aos meu atos. A minha liberdade termina, quando inicia a do outro. Eram oito horas e quarenta e cinco minutos de um domingo chuvoso, quando finalmente, tomei a segunda e última dose da vacina Coronavac, pré-requisito para obter a tão sonhada LIBERDADE CONDICIONAL.

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