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Maceió,
Nº 5692
Opinião

ASSÉDIO VIRTUAL

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Por Editorial | Edição do dia 07/12/2021

Matéria atualizada em 07/12/2021 às 04h00

Estudo realizado por uma empresa especializada em pesquisa digital revelou que a principal violência que mulheres e meninas sofrem em ambientes digitais é o assédio nas interações virtuais (38%) e, na sequência, as ameaças de vazamento de imagens íntimas (24%).

Outra conclusão da pesquisa relacionada ao período de pandemia é que metade dos casos de assédio envolve recebimento de mensagens não consensuais com conteúdo de conotação sexual. O mais grave, segundo a pesquisa, é que boa parte de vazamentos de nudes envolve ex-companheiros, ex-parceiros, pessoas que receberam materiais enviados de forma consentida. O levantamento identificou três formas de propagação de violência no ambiente digital. A descentralizada, que é a violência cometida diariamente contra mulheres e meninas. A ordenada, que ocorre a partir de grupos organizados de ataques, humilhações e exposições. Além da que resulta do ato de compartilhar conteúdos íntimos sem o consentimento dos envolvidos. Os pesquisadores observaram que as formas mais comuns de propagação de violências contra meninas e mulheres na internet são o assédio, o vazamento de nudes, a perseguição/stalking e o registro de imagens sem consentimento. O resultado emocional e psicológico das violações virtuais tem consequências que ultrapassam as barreiras digitais. Muitas relataram efeitos psicológicos sérios, como adoecimento psíquico, isolamento social e pensamentos suicidas. Do ponto de vista jurídico já existem leis que permitem criminalizar a violência no meio virtual. Há legislações específicas para a internet, como a criminalização da divulgação não autorizada de imagens sexuais e uso de nudez, a criminalização da gravação sem autorização, além da nova tipificação penal para os casos de perseguição ou stalking. Com a sociedade cada vez mais conectada e as pessoas passando cada vez mais tempo nas redes sociais, era de esperar também o aumento de crimes no universo virtual. As leis estão aí, mas é preciso primeiro que as vítimas denunciem e depois que a Justiça aja com rapidez e rigor. A internet não pode se tornar uma terra sem lei.

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