Gazeta de Alagoas
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Maceió,
Nº 5694
Opinião

OPÇÃO INACEITÁVEL

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Por Editorial | Edição do dia 22/01/2022

Matéria atualizada em 22/01/2022 às 04h00

A Gazetaweb publicou algo curioso nesse terreno árido em que se transformou, nos últimos tempos, a produção agrícola em Alagoas. A safra de grãos registrou uma alta de 31%, no ano que passou.

Com um olhar mais acurado para o contexto da informação, logo se percebe que o incremento ocorreu nas safras da cana de açúcar e da soja. Esta, em rotação com a cultura da cana.

Trata-se do já conhecido setor sucroalcooleiro, segmento tradicional do agronegócio alagoano, que vem se reestruturando e buscando diversificar e elevar sua produtividade. No caso da soja, conta com o assessoramento técnico da Embrapa, uma empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura.

No mais, o que o governo Renan Filho tem a apresentar como marca é a falência do setor público agrícola. Sua gestão se notabiliza, desde o início, pelo tratamento falimentar destinado à Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, já carimbada como “pasta faz de conta”. Em 2017, o Censo Agropecuário do IBGE, já detectava a estagnação da produção, fruto da ausência de efetivas políticas públicas voltadas ao fomento da diversificação e da agricultura familiar. Dois anos depois, a imprensa expôs a falta de matadouros para o abate de animais pelo interior de Alagoas, um acintoso descaso com a saúde dos consumidores, ainda mais em plena pandemia. Para reforçar a lamentável quadra histórica do atual governo em relação ao abandono do setor público agrícola de Alagoas, vale refrescar a memória de outro fato também registrado pela Gazetaweb, em setembro de 2019. Trata-se de mais um triste capítulo envolvendo os quase cem mil agricultores familiares: “Sem ação do governo Renan Filho na agricultura, aproximadamente 40 mil produtores familiares podem perder a produção, principalmente de mandioca, que já se encontra em fase de colheita, por não terem a quem comercializar os produtos. Até agora, o gestor não executou o Programa de Aquisição de Alimentos.” Sobre compra de alimentos, devemos recordar os termos da lei 11.947/2009, que determina o emprego de, no mínimo, 30% do montante repassado pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar a estados e municípios. Até hoje, a Unicafes em Alagoas, que congrega as cooperativas de agricultores familiares, cobra do governo Renan Filho, através da Secretaria de Educação do Estado a compra de alimentos diretamente dos produtores ou de suas organizações. Se a lei fosse cumprida, a merenda escolar absorveria bem mais alimentos colhidos por nossos pequenos produtores, com incentivo direto a uma cadeia produtiva que gera muitos empregos e fixa famílias no campo. Ao não abraçar o projeto “Merenda legal: um prato cheio de dias melhores”, o governo só reforça a inaceitável e infeliz opção pelo descaso com a produção agrícola, além de todos os benefícios gerados em favor da economia popular.

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