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Nº 5695
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ALTAS TEMPERATURAS E ALTOS PREÇOS SÃO OUTROS QUINHENTOS

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Por Paulino Fernandes de Lima – defensor público e professor | Edição do dia 29/03/2024

Matéria atualizada em 29/03/2024 às 04h00

Recentemente, o Governo federal e os Ministros da agricultura e do Desenvolvimento agrário culparam a inflação (mais concernentemente aos preços dos alimentos), ao clima quente que, infernalmente, vem predominando no País.

Com a devida vênia, as questões climáticas, embora possam guardar alguma relação com a época de colheita de certos alimentos, não determinam, como afirmado na ilação do governo, a já mais que sentida carestia dos produtos de consumo em geral, como vem ocorrendo no Brasil.

Há tempos, os preços dos alimentos deixaram de ter o devido controle, como aconteceu, por exemplo, durante o Governo Sarney, em 1986, por meio do tabelamento.

Embora aquele período tenha sido tingido com certa luz de descontentamento, no quesito inflação, ao menos se teve um esforço do Governo da época, para controlar os saltitantes preços.

Com a liberdade que o mercado ganhou nas últimas décadas, perdeu-se a mínima noção do valor dos produtos, de forma geral, a ponto de haver diferenças alarmantes nos preços, que extrapolam os limites do razoável lucro, quando comparado ao custo.

Esse desenfreio poderia pelo menos ser combatido, com aquela “fórmula simples” criada pela extinta SUNAB, que tabelava e fiscalizava rigorosamente os preços.

Certamente, os grandes grupos econômicos do País odiariam a volta desse tempo, em que o fantasma da inflação já rodava por nossos lares, mas era espantado e excomungado pelo indispensável controle e fiscalização.

Quanto à elevada temperatura em que indesejavelmente passamos a sentir de forma mais intensa nos últimos meses, isso tem um efeito, indubitavelmente, devastador até na qualidade de vida, mas se repise: isso não dita tão bem (nem absolutamente) as regras, como facilmente afirmara o Governo.

As nefastas consequências advindas e que ainda advirão com esse insuportável clima, impactarão, cruelmente, nas condições de vida, principalmente com a indesejável companhia que sempre a sucede, que é a “seca”, fenômeno hoje não mais restrito à caatinga ou às regiões de solo árido.

Acrescente-se que com o aumento progressivo da temperatura, não só no Brasil, mas em todo o Planeta, já, já a preocupação humana com as demais consequências deixará de ser somente com o sentido calor ou com a falta de chuvas, mas lidará com a escassez de água e de alimentos, de que nós, pobres mortais humanos, somos material e eternamente dependentes.

Voltando ao mote inicial do Artigo, um esforço conjunto do Governo e de produtores e de fornecedores de alimentos, poderia minimizar esse indesejável aumento que os preços vêm recebendo.

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