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Maceió,
Nº 5695
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SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA E O MARTÍRIO PASCAL

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Por Lucas Santos Jatobá - pós-graduando em Direito de diretor jurídico do TRF/5ª Região | Edição do dia 12/04/2024

Matéria atualizada em 12/04/2024 às 04h00

Relembremos, neste Tempo Pascal, o legado de fé incomum deixado pelos primeiros cristãos que deram, com exemplo de espiritualidade excepcional dirigida a vivenciar os ensinamentos de Jesus e a proclamar a Boa Nova da ressurreição, a própria vida em testemunho evangelizador e como oferenda à Igreja nascente.

Destaquemos, nos primórdios do cristianismo, as figuras notáveis dos Padres da Igreja, assim considerados os grandes escritores eclesiásticos que se notabilizaram, até os nossos dias - Orígenes de Alexandria, Eusébio de Cesaréia, São Justino de Roma, Santo Ambrósio de Milão, Santo Irineu de Lião, e outros -, pela produção de epístolas, homilias, sermões e obras de conteúdo ético-moral e teológico de profunda erudição, fruto do desmedido esforço de promover, principalmente, a sistematização da doutrina cristã e de fincar as bases da tradição eclesiológica, combatendo, ao longo dos primeiros séculos, heresias e distorções interpretativas das escrituras advindas, por exemplo, de pagãos e judeus, naquela época de dominação romana e de choques entre culturas e religiosidades de povos das mais diversas origens.

Exortemos a memória de Santo Inácio, terceiro bispo da Igreja de Antioquia (70 a 107), outrora importante metrópole, ao lado de Roma e Alexandria, no início do séc. II, então sob o jugo romano, situada na Turquia de hoje, onde “pela primeira vez, os seguidores de Jesus foram chamados cristãos” (At. 11,26), sendo Inácio o escritor cristão a atribuir à Igreja, pioneiramente, o adjetivo “católica”, ou seja, “universal”: “a presença de Cristo Jesus também nos assegura a da Igreja Católica” (Esmirnenses, 8,2).

Inácio de Antioquia, ministério evangelizador voltado à importante missão de garantir a unidade da Igreja em formação, a partir da harmonização entre o clero e os fiéis junto aos bispados das comunidades cristãs já estabelecidas naquele cenário político e social adverso à propagação da fé em Jesus Cristo.

Rumo ao martírio em Roma, decretado pelo imperador Trajano, escreve Inácio, durante o percurso por várias cidades desde a Síria, as belíssimas cartas às Igrejas de Éfeso, Magnésia, Trales, Roma, Filadélfia e Esmirna, e, também, ao bispo Policarpo, com exortações múltiplas à concórdia entre os crentes, de combate às heresias, e de continuidade na tradição apostólica e na imitação de Cristo pelos seus seguidores, tudo pela unicidade e fortificação de uma Igreja originariamente centrada nos valores genuínos do amor/caridade, verdade e justiça, eucaristia e ressurreição do filho de Deus.

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