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Nº 5710
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UMA GRANDE COMPANHEIRA .

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Por Alberto Rostand Lanverly - presidente da Academia Alagoana de Letras | Edição do dia 08/05/2024

Matéria atualizada em 08/05/2024 às 04h00

Sou daqueles que entendem ser o tempo aliado poderoso na jornada da cura emocional. Então, assim como o rio, que suaviza pedras ásperas ao longo de sua trajetória, o passar das eras tem o poder de amenizar a angústia.

Compreendo também serem as boas companhias como suave perfume que preenche o ar, tornando delicioso cada momento. Elas não apenas ajudam o passar dos instantes, mas o encandecem com ternura, tornando-o memorável e reconfortante. Na presença delas, as horas voam e o mundo transforma-se em lugar mais acolhedor.

Durante o período sombrio da pandemia, quando perdemos entes queridos para inimigo invisível, em determinado momento nossos lares se tornaram refúgios, onde nos enclausuramos em busca de proteção contra o vírus implacável.

Por incrível que pareça, foi naqueles tempos sombrios, apesar de vivenciar o sofrimento de perder Marlene Lanverly, a estrela de maior brilho em minha vida, vitimada que foi por infecção generalizada gerada por queda em que fraturou a bacia, que tive a felicidade de encontrar conforto em uma outra Lanverly, a Ana, mãe das minhas filhas, em cuja companhia, enfrentei o imenso caos então em curso, sempre com alegria.

Recordo que naquela época de escuridão estávamos a nos completar a cada dia, pois juntos ficamos mais fortes, nunca oferecendo intimidade à rotina, muito pelo contrário, esforçando para que nossos sorrisos simbolicamente enfeitassem os jarros de nossa sala, substituindo flores que ali não estavam. Junto, líamos, brincávamos e, nos finais de semana, embalados por “lives” intermináveis, dançávamos como se em grande baile estivéssemos. Época que solidificou o respeito mútuo que já trazíamos no peito.

Domingo será mais um dia das mães, verdadeiros faróis na escuridão, irradiando ternura e orientação em nossas vidas, primeiras a nos confortar quando caímos, celebrar vitórias conquistadas e últimas a desistir de nós. Beijando Ana Lanverly, minha grande companhia, reverencio todas as genitoras do mundo, pois ela, donatária de amor incondicional, transcende todas barreiras, inspirando Bruna, Larissa e Flávia, suas filhas, a serem cada dia melhores.

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