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Maceió,
Nº 5694
Política

PARLAMENTARES COBRAM APOIO DA UNIÃO SOBRE RESPIRADORES

Série de irregularidades na compra dos equipamentos leva deputados a cobrar intervenção do governo federal

Por thiago gomes | Edição do dia 04/06/2020

Matéria atualizada em 04/06/2020 às 06h00

Cabo Bebeto diz que governadores do Consórcio NE só se reúnem para falar de política
Cabo Bebeto diz que governadores do Consórcio NE só se reúnem para falar de política | Divulgação

Aliado de Jair Bolsonaro (sem partido) em Alagoas, o deputado Cabo Bebeto (PSL) fez críticas ao Consórcio Nordeste, formado pelos nove governadores da região, acusando o grupo de somente se reunir para falar mal do presidente da República. E questionou os valores empenhados pelo Estado para a compra de respiradores, via colegiado, e que nunca chegaram. Segundo o parlamentar, a conta não bate. Bebeto disse que checou no Portal da Transparência e ficou surpreso que existem dois processos, um para compra de 50 respiradores, no valor de R$ 10 milhões, datado de 11 de maio, e outro, para aquisição de mais 30 respiradores, orçado em R$ 4 milhões, de 7 de maio. Segundo ele, os valores foram empenhados, mas não sabe se efetivamente foram pagos. E continua que o governo de Alagoas teve que pagar, no dia 27 de abril, mais de R$ 5 milhões para que o consórcio pudesse fechar a compra. Só um mês depois, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) enviou oficio ao presidente do Consórcio, governador da Bahia, Rui Costa (PT), para saber o que estava acontecendo. “Parece que foi tarde a pergunta porque alguns dias depois foi deflagrada a operação da Polícia Civil contra empresa que vendeu os equipamentos e enganou todos os estados. Além disso, por que o Estado de Alagoas quer recuperar R$ 4 milhões se pelo menos R$ 5 milhões foram pagos? O restante do dinheiro serviu pra quê?”

Como plano de fundo ao discurso, o parlamentar citou a compra de respiradores, pelo colegiado, que nunca foi entregue e acabou sendo alvo de uma operação policial na última segunda-feira (1º).

“O que este consórcio tem feito de bom para Alagoas a não ser juntar estes governadores para falar de política e, principalmente, criticar o presidente da República? Eu procuro uma coisa boa e não encontro. O pior disso tudo é a negligência, ingenuidade ou porque não dizer incompetência dos estados em deixar de consultar a Controladoria Geral para evitar tamanho prejuízo pela falta dos ventiladores mecânicos”, destacou Cabo Bebeto. Ele disse considerar que o golpe aplicado pela empresa contratada para venda destes equipamentos se deu aos estados e não ao consórcio e lamentou que, no Brasil, não se tenham penas mais severas para crimes cometidos deste tipo. “Não vejo diferente entre um crime como este e um ato terrorista. Não foi somente estelionato. A quadrilha criou um cenário para assaltar todos os estados e, pior do que isto, sabendo que não entregaria os aparelhos, assumiu o risco de matar pessoas que precisavam do equipamento para viver e não vão ter. É um crime contra a saúde pública”, avaliou. Bebeto classificou como ingênua a atitude dos estados. Para ele, o decreto de calamidade pública, abrindo a possibilidade de se comprar sem licitação, parece que está tirando dos administradores públicos, lesados, a capacidade de analisar se haveria outras possibilidades de comprar o produto. Será que esta era a única opção que tinham, como alegam?”, questionou. E completa: “Se não há outras opções e o Governo do Estado foi enrolado pelos terroristas, significa que o Governo não irá mais adquirir respiradores. Ainda bem que, neste meio termo, o Governo Federal chegou junto com 30 novos respiradores, sendo quinze móveis e mais quinze fixos”. Em aparte, o deputado Davi Maia (DEM) ressaltou que o Estado de Alagoas teve pagar R$ 836 mil somente para se associar ao Consórcio do Nordeste e, não diferente do colega de Parlamento, engrossou o coro de reclamações ao colegiado. “Quando os estados do Nordeste passaram pelo problema das manchas de óleo no litoral, este consórcio nunca se reuniu. Para resolver a problemática da seca, muito menos. Agora, para assinar carta contra o presidente da República foram pelo menos umas nove vezes”, frisa o democrata, expondo que o Estado de Alagoas mantém dois servidores para prestar serviço ao consórcio, recebendo dobrado, por isto.

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