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Política

MONITORAMENTOS CONFIRMAM DESMORONAMENTO DE MINAS

Estudos foram cruciais para preservar a vida dos moradores dos quatro bairros atingidos

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 11/07/2020

Matéria atualizada em 11/07/2020 às 06h00

Técnicos fazem medição do solo do Pinheiro para acompanhar afundamento do bairro
Técnicos fazem medição do solo do Pinheiro para acompanhar afundamento do bairro | © Ailton Cruz

Relatórios e estudos de Interferometria e novos mapas feitos por técnicos da Defesa Civil e do Serviço Geológico do Brasil (antiga CPRM) no monitoramento da instabilidade do terreno nos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto indicam que a movimentação de massa (terra) continua e atesta a ampliação das áreas de desocupação de imóveis. No primeiro mapa de risco havia recomendação de se criar área de risco em torno de algumas minas com indicativos de desmoronamento. A CPRM sempre defendeu a implantação de área de resguardo ao redor de todas as minas por conta de desmoronamento sucessivos de minas. Em novo documento, a que a Gazeta teve acesso, constam também os mais recentes mapas do terreno dos quatro bairros e recomendações assinadas pelo coordenador da Equipe de Pesquisadores da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial, Thales de Queiroz Sampaio. No documento há recomendação de que nenhuma das 35 minas de exploração da Sal-gema, atualmente paradas, seja desconsiderada na elaboração de perímetros de resguardo. Isto porque os registros históricos de sonares já demonstraram que ocorrem colapsos sucessivos do teto em todas elas sendo impossível garantir a integridade da superfície sobrejacente. A situação, além de comprometer a ocupação urbana, ameaça a movimentação de veículos nas áreas ameaçadas. Havia dúvida com relação ao tráfego do VLT e de trens no trecho entre Bom Parto e Bebedouro. Sobre os riscos à operação da linha férrea foi observada a velocidade média da subsidência (afundamento abrupta do solo) no trecho onde se localiza a linha férrea da CBTU. Os fenômenos de deformação do terreno podem provocar surgimento de crateras (sinkholes), surgimento de fissuras no solo, inundação permanente e danos ocasionados por tensão aplicada no trilho pela deformação acumulada do terreno. A partir desta informação a prefeitura modificou o trânsito e interrompeu o movimento do VLT no trecho. Mais de 4,5 mil empresas cobram antecipação de indenização de R$ 100 mil As 4,5 mil empresas dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom parto, que geravam mais de 30 mil empregos e movimentavam mais de R$ 1 bilhão/ano, receberam proposta de R$ 10 mil para custear mudanças. A maioria cobra o reajuste da ajuda para R$ 100 mil, como adiantamento de indenizações. “Nenhuma empresa tem condições de se mudar e se instalar em novo ponto com R$ 10 mil. Por isso, estamos querendo o reajuste. Dinheiro para atender a nossa proposta tem depositado em juízo”, disse o presidente da Associação dos Empreendedores do Pinheiro, Alexandre Sampaio, que tem indicações favoráveis dos Ministérios Públicos Federal, Estadual para a revisão. Com o agravamento dos problemas geológicos, precisam sair de seus pontos e se restabelecerem em outros bairros. A Braskem, conforme acordo assinado com o Conselho Nacional de Justiça, adianta R$ 10 mil para despesas com mudanças. Os empresários entram com ação de reparação e revisão do acordo na tentativa de conseguirem R$ 100 mil de antecipação de indenizações. O presidente da Associação dos Empreendedores do Bairro do Pinheiro, Alexandre Sampaio revelou que a ação foi encaminhada às Defensorias Federal e Estadual, Ministério Público Federal e Estadual. Na última quarta-feira, os MPs definiram que vão conversar com as Defensorias e depois com os empresários para discutir os termos de revisão do acordo com a Braskem. Alexandre Sampaio está convencido que dinheiro tem para a revisão do acordo e lembra que foi depositado em juízo R$ 1,7 bilhão. A indenização antecipada implica em 23% dos recursos previsto para indenização, algo em torno R$ 400 milhões. Os prejuízos das empresas são difíceis de mensurar pela Associação dos Empreendedores. Segundo pesquisa da Federação do Comércio de Alagoas, o conjunto das atividades e de negócios que só o bairro do Pinheiro movimentava, antes dos problemas geológicos, mais de R$ 1 bilhão/ano, algo em torno de R$ 90 milhões/mês. Os bairros de Bebedouro, Mutange e Bom Parto não entraram nessa conta porque vivem da economia informal. Porém, movimentavam a economia, geravam emprego e renda para a população estimada em 53 mil habitantes nos quatro bairros.

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