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Política

DEPOENTE SE CALA E TEM SIGILO QUEBRADO DURANTE SESSÃO DA CPI

Empresário e diretor institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento usou o habeas corpus obtido junto ao Supremo

Por RENATO MACHADO - FOLHAPRESS | Edição do dia 24/09/2021

Matéria atualizada em 24/09/2021 às 04h00

Diretor da Precisa apenas respondeu perguntas esporádicas, como ao afirmar que tem participação na Primacial
Diretor da Precisa apenas respondeu perguntas esporádicas, como ao afirmar que tem participação na Primacial | Agência Senado

Brasília, DF - Durante sessão da CPI da Covid, o empresário e diretor institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, usou o habeas corpus obtido junto ao Supremo Tribunal Federal e responde poucas perguntas colocadas pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL). Trento se recusou a fazer o juramento de dizer a verdade. O diretor da Precisa não quis fazer uso dos 15 minutos de fala destinados. Apenas respondeu perguntas esporádicas, como ao afirmar que tem participação na empresa Primacial e confirmou que atua na Precisa Medicamentos, como diretor institucional. Quando questionado sobre informações envolvendo a negociação da compra da vacina Covaxin, intermediada pela Precisa Medicamentos, respondeu que, como diretor institucional, não é de sua responsabilidade atuar em negociações. “Como diretor institucional, não participei das negociações”, afirmou. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), ironizou por duas vezes o silêncio do depoente. Na primeira, pediu para a mesa diretora da CPI que providenciasse um gravador para evitar que ele se cansasse ao responder “senhor relator, vou permanecer em silêncio”. Em outro momento, Aziz quis testar se ele voltaria a repetir a mesma versão e perguntou se ele participou da morte do ex-presidente Getúlio Vargas. O depoente respondeu apenas “não”. Avaliando que o depoente não estava colaborando, os senadores da comissão aprovaram requerimento das quebras de sigilo fiscal, telefônico, bancário e telemático de Danilo Trento e de seu irmão Gustavo Trento.

FAMÍLIA BOLSONARO

Danilo Trento afirmou que iria usar o seu direito ao silêncio, previsto em habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, para não responder a pergunta sobre qual seria a sua relação com a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Face ao silêncio do depoente, o relator Renan Calheiros afirmou que ele não estava respondendo porque “isso evidentemente o incrimina”, em referência ao fato de que o depoente pode evocar o silêncio em fatos que tenham potencial de o incriminar. Na sequência, o depoente voltou atrás e respondeu que não tinha nenhum tipo de relação mais próxima com a família Bolsonaro. “Não tenho relação com nenhum membro da família, apenas os conheço, alguns publicamente, outros em eventos”, respondeu o executivo. Danilo Trento voltou a irritar os senadores, que o acusaram de abusar do direito ao silêncio. O empresário, por exemplo, disse que não responderia pergunta sobre o endereço de uma de suas empresas. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) então disse que seria necessário começar a cogitar a hipótese de prisão. A fala ganhou o apoio improvável do governista Jorginho Mello (PL-SC), que momentos antes se envolveu em discussão acalorada com Renan Calheiros. ‘Vamos parar de perder tempo e vamos mandar prender’, afirmou o governista durante a sessão da CPI da Covid.

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