A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem marcou, para o dia 17 de abril, a partir das 10h, a diligência presencial no município de Maceió. Os senadores que integram o colegiado pretendem inspecionar, in loco, os bairros afetados pelo desastre e participar de reuniões com representantes dos poderes públicos, da empresa e moradores.
A agenda para esta data já havia sido adiantada pela Gazeta e foi solicitada tanto pelo relator da CPI, senador Rogério Carvalho (PT-SE), como pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL). Os requerimentos de ambos foram apreciados esta semana durante sessão no Senado Federal, logo após a oitiva de testemunhas. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), já expediu ofício convidando os colegas para a atividade em Alagoas.
“É relevante que os membros da CPI possam realizar inspeções in loco nos bairros afetados, assim como em reuniões com representantes dos poderes públicos e dos moradores, tendo por meta obter informações e subsídios para analisar com proximidade a situação. Prima-se pela possível relevância de informações contidas nesses processos para a investigação parlamentar em curso”, destacou Rogério Carvalho.
Segundo ele, a Constituição Federal investiu as CPIs de poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, facultando-lhes a realização de diligências que julgar necessárias sempre com o propósito de auxiliar na apuração.
A intenção dos integrantes da CPI, na agenda em Maceió, é verificar a tragédia in loco, dialogando com moradores e comerciantes da região afetada pela mineração. Também serão marcados encontros com gestores públicos da capital, representantes de órgãos de controle e da direção da petroquímica.
“O principal compromisso da comissão é manter as investigações de maneira diligente e imparcial, visando identificar os responsáveis e propor medidas para evitar que eventos similares ocorram no futuro”, concluiu.
No depoimento que prestou à CPI da Braskem, nessa quarta-feira (10), o diretor global de Pessoas, Comunicação, Marketing e Relações com a Imprensa da Braskem, Marcelo Arantes, disse que a companhia assume a responsabilidade do desastre ambiental em Maceió, provocado pela exploração de sal-gema durante décadas.
Esta foi a primeira vez que um representante da petroquímica foi ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito, que apura as circunstâncias da tragédia no âmbito do Senado Federal. E também foi inédita a confissão de culpa, levando em consideração que diretores da empresa já tinham afastado esta hipótese sob a alegação de que falhas no solo da capital teriam contribuído para o problema acontecer.
ACAREAÇÃO
A CPI também fará uma acareação entre o diretor-presidente da Braskem, Roberto Bischoff, e o ex-diretor do Serviço Geológico do Brasil (antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), Thales Sampaio. A data da realização do procedimento ainda será marcada.
O requerimento do senador Rogério Carvalho foi aprovado. Ele justificou o pedido diante das declarações públicas contundentes e divergentes dos dois nos últimos anos acerca do desastre ocorrido em Maceió, gerado pela exploração de sal-gema.