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JUSTIÇA MANTÉM PRISÃO DE SOBRINHA QUE LEVOU TIO MORTO AO BANCO

Juíza diz que idoso foi exposto a situação vexatória e classifica ato como ‘repugnante e macabro’

Por G1 | Edição do dia 19/04/2024

Matéria atualizada em 19/04/2024 às 00h39

A Justiça do Rio manteve, após audiência de custódia ontem, a prisão de Érika de Souza Vieira Nunes, por suspeita de levar o tio morto a atendentes de um banco na Zona Oeste do Rio. À polícia, Érika disse ser sobrinha e cuidadora de Paulo Roberto Braga.

Érika responde por vilipêndio de cadáver e por furto. Em sua decisão, a juíza Rachel Assad da Cunha definiu a ação como “repugnante e macabra” e converteu a prisão em flagrante em preventiva.

A magistrada sustentou que a situação não se resume a definir o exato momento da morte, mas sim pela situação vexatória a qual o idoso estava sendo exposto. Assad questiona se, nas condições em que estava, Paulo Roberto teria como concordar com um empréstimo, ainda que vivo estivesse.

“A questão é definir se o idoso, naquelas condições, mesmo que vivo estivesse, poderia expressar a sua vontade. Se já estava morto, por óbvio, não seria possível. Mas ainda que vivo estivesse, era notório que não tinha condições de expressar vontade alguma, estando em total estado de incapacidade.”

A defesa de Érika diz que o idoso de 68 anos chegou vivo ao banco. O caso é investigado pela 34ª DP (Bangu).

‘VONTADE DE OBTER DINHEIRO’

Para a magistrada ficou clara a vontade de Érika de “obter dinheiro”.

“Tudo a indicar que a vontade ali manifestada era exclusiva da custodiada, voltada a obter dinheiro que não lhe pertencia, mantendo, portanto, a ilicitude da conduta, ainda que o idoso estivesse vivo em parte do tempo”, escreveu a juíza.

“Era perceptível a qualquer pessoa que aquele idoso na cadeira de rodas não estava bem. Diversas pessoas que cruzaram com a custodiada e o Sr. Paulo ficaram perplexos com a cena, mas a custodiada teria sido a única pessoa a não perceber?”, questiona a magistrada.

A juíza destaca ainda que Érika afirma ser cuidadora do idoso, mas não se preocupou com seu estado de saúde na hora de levá-lo ao banco.

CORPO INERTE

Novas imagens, obtidas com exclusividade pela TV Globo mostram o aposentado Paulo Roberto Braga com o corpo inerte já ao entrar no banco onde sua sobrinha, Érika de Souza, tentou fazer com que ele assinasse um documento para pegar um empréstimo, na terça-feira (16).

Os novos vídeos são de câmeras de segurança do calçadão de Bangu, na Zona Oeste do Rio, e da entrada da agência bancária.

Pelas imagens, é possível notar que Paulo está totalmente sem controle dos músculos, com o pescoço tombado para o lado. Dois peritos ouvidos pela TV analisaram os vídeos e, para eles, está claro que Paulo já estava morto ao entrar na agência bancária. O laudo do Institulo Médico Legal, no entanto, não foi conclusivo quanto ao horário do óbito, e a defesa de Érika afirma que ele morreu dentro da agência.

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