Dois ex-prefeitos anunciaram que vão brigar por uma cadeira na Câmara Municipal de Maceió nas eleições deste ano. Rui Palmeira (PSD) e Cícero Almeida (PDT) são pré-candidatos a vereador e, agora, esperam pelas convenções partidárias, em agosto, para confirmação de seus nomes na disputa por uma das 27 vagas disponíveis na próxima legislatura.

Prefeito da capital por dois mandatos (entre 2013 e 2020), Rui se movimentou nessa direção após ver uma debandada no partido que preside em Alagoas. Após a janela partidária, Samyr Malta se filiou ao Podemos (de Rodrigo Cunha), Joãozinho – um dos defensores do legado do ex-chefe do Executivo no Parlamento – foi atraído pelo MDB, e Teca Nelma, que venceu o pleito de 2020 pelo PSDB e migrou para o PSD, agiu em Brasília e ingressou no PT (causando um mal-estar sem tamanho no diretório municipal dos petistas).

Sem detentores de mandato e com a missão de não sepultar a legenda na capital e no interior, Rui tomou a decisão de encarar as urnas novamente. Pediu ao Governador Paulo Dantas exoneração do cargo de secretário de Estado de Infraestrutura e anunciou nas redes sociais que tentaria ser vereador.

Desde que iniciou sua carreira política como candidato a deputado estadual, em 2006, ele tem dito que essa será a eleição mais difícil de sua vida. O principal desafio dele, como nome de maior expressividade no PSD, é conseguir uma votação espetacular e atingir o quociente eleitoral. Analistas ouvidos pela Gazeta estimam que os partidos precisarão ter 14 mil votos para eleger um vereador.

“Certamente é uma campanha dificílima, serão cerca de 300 candidatos. É uma eleição bastante complicada para vereador, mas tenho certeza de que por tudo que nós fizemos enquanto deputado estadual, federal e prefeito de Maceió, vamos de cabeça erguida pedir o voto de confiança do maceioense”, resumiu Rui.

Ele decidiu dar um novo passo na política ao se lançar pré-candidato a vereador. “Enxergo essa nova oportunidade como mais uma forma de trabalhar por Maceió e pelo maceioense”, explicou. Em 2022, Rui tentou ser governador, mas ficou em quarto lugar na disputa com Paulo Dantas, Rodrigo Cunha e Collor.

Rui adiantou que o legado será defendido na campanha. “Vamos mostrar para as pessoas os avanços que conseguimos em Maceió. Fomos a gestão que mais entregou casas populares, mais de 10 mil, a que mais avançou na educação, a capital brasileira que mais cresceu no Ideb, pavimentamos centenas de ruas na periferia. Nós vamos com certeza mostrar isso às pessoas, o trabalho que nós fizemos durante oito anos”.

Ele garantiu que o PSD montou uma chapa de pré-candidatos muito forte, com surpresas e chances reais de eleger de dois a três vereadores na capital. “Temos grandes nomes disputando uma vaga na Câmara de Maceió. E isso é bom para o eleitor, para o maceioense, que terá a oportunidade de olhar quem trabalhou por Maceió e decidir o seu voto democraticamente”.

CÍCERO ALMEIDA

O radialista Cícero Almeida viveu altos e baixos na política. Seu primeiro cargo foi o de vereador em Maceió. Depois, foi eleito deputado estadual, prefeito de Maceió e deputado federal. Passou por, no mínimo, 14 partidos e, este ano, após conversa que teve com o vice-governador Ronaldo Lessa, retornou ao PDT.

Em 2020, quis voltar à prefeitura da capital, mas ficou em sexto lugar, obtendo percentual de 2,59% (ou pouco mais de 9,9 mil votos válidos).

Ano passado, o juiz Rodolfo Osório Gatto Herrmann, da 6ª Vara Criminal da Capital, declarou Almeida inocente na ação penal que respondia há 15 anos e que ficou conhecida como ‘Máfia do Lixo’. Ele foi absolvido por infração à Lei de Licitações e contra as finanças públicas, além dos crimes de responsabilidade. Em relação ao crime de prevaricação, a Justiça extinguiu a punibilidade.

A denúncia formulada pelo Ministério Público de Alagoas, à época, dava conta da emergência da contratação da empresa Viva Ambiental (sem licitação) para serviço de limpeza da cidade, após a rescisão amigável do contrato com a Construtora Marquise S/A três meses antes do término sem apurar os prejuízos causados à empreiteira. Almeida celebrou a vitória judicial e classificou o momento como um grande alívio.

Agora, no desafio de tentar uma cadeira de vereador, o ex-prefeito disse que vive um momento de tranquilidade. “Eu me sinto bem, graças a Deus, bem de saúde, a mente está boa e tenho experiência adquirida para poder voltar à política. A política, quando você quer, proporciona você fazer o bem, algo que eu fiz durante esses anos, de 2000 até 2019. Quero voltar a fazer o bem, defender a minha cidade, defender o meu povo”, ressaltou.

Ele criticou o que classifica como omissão da atual legislatura na Câmara diante dos problemas na cidade e disse que a experiência como comunicador e político o credencia para esse retorno. “Eu conheço mais a cidade do que todos esses que passaram por aqui, porque fui taxista, repórter policial durante 25 anos, cobrador de ônibus, vereador, deputado estadual, deputado federal e prefeito de Maceió com uma gestão aprovada por 82% pela população”, argumenta.

A volta ao PDT foi encarada por ele como natural. Disse que recebeu o convite de Ronaldo Lessa, com quem conversou pessoalmente, mas garantiu que não ouviu nenhuma promessa do partido para beneficiá-lo de alguma maneira. Ele se referia aos rumores de que a sigla estaria apostando no nome do ex-superintendente de Iluminação de Maceió João Folha para a disputa proporcional.

“O João Folha é um jovem que está começando na política e eu não o conhecia. Tive a oportunidade de conversar com ele quando estive na sede do partido. Não sei qual a estrutura dele, mas a gente torce pelo êxito, porque se trata de uma nova geração bem intencionada, que vai oxigenar a política. A mim, garanto, nada foi oferecido e eu também não pedi nada. Apenas me filiei ao partido e avisei que tinha a intenção de ser candidato a vereador”, destacou.