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Nº 5832
Julgamento

RONNIE LESSA DIZ QUE MARIELLE ERA ‘PEDRA NO CAMINHO’ DE MANDANTES

Juntamente com Élcio Queiroz, ex-PM é julgado como autor do assassinato da vereadora e de motorista

Por G1 | Edição do dia 30/10/2024

Matéria atualizada em 30/10/2024 às 23h37

Em depoimento por videoconferência, o ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, disse que a vereadora havia se tornado “pedra no caminho” dos mandantes do assassinato. Ele também deu detalhes sobre como o crime foi cometido, como o momento do emparelhamento do carro dirigido por Élcio de Queiroz no momento em que ele fez os disparos.

Ronnie Lessa e o também ex-PM Élcio de Queiroz são julgados como autores do crime.

Ronnie pediu desculpas à família das vítimas: “Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e com absoluta sinceridade e arrependimento, pedir perdão às famílias do Anderson, da Marielle e a minha própria, a dona Fernanda e a toda sociedade pelos fatídicos atos que nos trazem aqui”.

“Infelizmente não podemos voltar no tempo, mas hoje eu tento fazer o possível para tentar amenizar essa angústia de todos, assumindo a minha responsabilidade e trazendo a tona todos os personagens envolvidos nessa história, de cabo a rabo. Hoje eu tenho que fazer isso para tirar o peso da minha consciência. Eu sei que nunca vou conseguir trazer as pessoas de volta, mas eu tinha que pedir esse perdão, inclusive a minha família”, acrescentou.

“Como eu disse anteriormente, eu fiquei cego mesmo, louco atrás desse (...) a minha parte era R$ 25 milhões. Então eu podia falar assim: ‘É o Papa’ e eu ia matar o Papa porque eu fiquei louco atrás daquilo ali”, disse Ronnie.

Até o fechamento desta edição, o julgamento ainda estava na fase dos interrogatórios. Após os depoimentos das testemunhas, a juíza Lúcia Glioche avisou que o tribunal do júri iria prosseguir até o anúncio da sentença.

TESTEMUNHAS

Com a voz embargada, a mãe da ex-vereadora Marielle Franco, Marinete Silva, relembrou em depoimento, por cerca de 40 minutos, o antes e depois do assassinato da filha e do motorista Anderson Gomes, em 2018, ao jurados do 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro.

Seis anos e sete meses após a morte da parlamentar, Marinete foi uma das sete testemunhas de acusação ouvidas ontem. Segunda a depor, ela chorou ao ouvir áudios enviados pela vereadora e antes do crime e pediu justiça: “Só quero uma condenação justa”.

“Não estou para falar da minha filha como parlamentar. Estou como mãe. Ela lutou muito: estudou e chegou aonde chegou. Aquilo foi uma barbárie. Nenhuma mãe merece perder a filha desse jeito. Quero pedir justiça por Marielle e Anderson”, disse.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz acompanharam os depoimentos por videoconferência diretamente das unidades onde estão presos. Lessa está na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Já Élcio está no Centro de Inclusão e Reabilitação, em Brasília.

Antes de Marinete, a assessora parlamentar Fernanda Chaves foi a primeira a depor. Uma das principais testemunhas do caso, Fernanda é a vítima sobrevivente do ataque que vitimou a vereadora. Ela estava no carro ao lado da vereadora quando voltavam para o bairro da Tijuca, zona norte do Rio, depois de participarem de uma reunião com mulheres negras na Lapa, no centro.

A ex-assessora relembrou o dia do crime e contou que precisou alterar sua rotina e mudar de cidade. Ela também mencionou a apreensão de toda a família após a execução da vereadora, de quem era amiga há 15 anos.

“Eu ouvi uma rajada em nossa direção. Eu percebi que era uma rajada em direção ao carro. Em um reflexo, eu me abaixei. Eu estava atrás do Anderson e do lado da Marielle. Eu me enfiei atrás do banco do Anderson. Eu percebi que o carro foi atingido, mas seguia em movimento. O Anderson esboçou dor, falou ‘ai’, mas foi um suspiro. Eu lembro que o carro estava andando, mas lembro dos braços dele caindo. Marielle estava imóvel e o corpo dela caiu em cima de mim”.

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