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Maceió,
Nº 5873
Câmara Municipal

RUI DIZ QUE VAI ATUAR COMO FISCAL, MAS ADMITE CONVERSAR COM JHC

Vereador eleito diz que atual prefeito deu sequência a muitas obras iniciadas em sua gestão

Por | Edição do dia 01/11/2024

Matéria atualizada em 01/11/2024 às 21h32

O fim do processo eleitoral e o início de um novo ciclo na política da capital podem reservar diálogos e encontros antes impensáveis por alguns. O ex-prefeito e ex-secretário estadual de Infraestrutura Rui Palmeira (PSD) diz que se sentaria e conversaria com o prefeito JHC (PL) se o assunto for Maceió. A revelação foi dada em entrevista aos jornalistas Wyderlan Araújo e Marcos Rodrigues, no programa GazetaNews Entrevista, que vai ao ar neste sábado (2), às 20h, no canal 525 NET/Claro.

Vereador eleito, Rui se define como um político de “centro-direita”, mas com capacidade de diálogo até mesmo com a esquerda. Quando foi deputado federal, fez oposição à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas conseguia dialogar com as lideranças do governo.

“Acho que, se o prefeito precisar debater a cidade, estou disponível desde já. A gente pode não concordar com algumas questões políticas, mas, pensando a cidade, o prefeito deu sequência a muitas obras que foram iniciadas em nossa gestão e fico muito feliz com isso”, disse Rui.

Ele explica que não teve condições de indicar um candidado a sua sucessão na prefeitura, porque, ao final de sua gestão, já havia perdido o comando do PSDB para o senador Rodrigo Cunha.

Entretanto, segundo Rui, muitos projetos executados pelo atual gestor de Maceió haviam sido pensados e com garantia de recursos ainda em seu mandato. Ele explicou que, em gestões municipais, é comum fazer planejamentos que acabam sendo superados pelo tempo e que ficam para os próximos ocupantes dos cargos.

“Fico feliz quando vejo o Parque da Mulher, na Jatiúca, o primeiro trecho da ciclovia da Fernandes Lima, ambas licitadas e com recursos, obras de pavimentação que estão ocorrendo na parte alta com recursos do Banco CAF, Avenida Marília Mendonça, iniciada em nossa gestão, mas não com esse nome, o Renasce Salgadinho, que vai resgatar duas áreas: Cruz das Almas e Jatiúca, ambas iniciadas em nossa gestão”, lembrou Rui.

Rui disse ainda que gosta de ver o resultado final do que foi feito na Praça do Centenário, pois, em sua época, havia quem dissesse que não adiantava investir nessas áreas porque, com a violência, as pessoas não iriam ocupá-las.

“Mostramos que é o contrário. Com praças iluminadas e limpas, as pessoas voltam. Fizemos isso na Praça da Faculdade e na do Skate. Não terei dificuldades em conversar com o prefeito se for para debater a cidade e auxiliar de alguma forma”, ressaltou.

GESTÃO ESTADUAL

Indagado sobre a possibilidade de retorno para a gestão estadual, o ex-prefeito não garantiu, pois, conforme explicou, não há nenhuma tratativa nesse sentido. O último encontro com o Governador Paulo Dantas foi apenas para tratar de sua saída para se candidatar ao parlamento municipal. Ainda assim, acredita que deixou a porta aberta.

“Informei ao Governador Paulo da necessidade e o do desejo de sair candidato a vereador e ele, como sempre, compreendeu a situação e não colocou nenhuma objeção”, lembrou Rui.

Conforme explicou, caso não saísse como candidato agora, a próxima oportunidade só seria em 2026. Conversando com seus aliados, entendeu que seria um tempo muito longo fora do pleito e por isso seria relevante voltar a uma disputa.

Rui lembra que a derrota para a disputa para o governo do Estado, em 2022, o deixou impactado, mas era preciso seguir adiante. “Depois fui retomando a vida de um modo geral. Vi meu pai na derrota e na vitória. E vi quem são os verdadeiros amigos. Eu sabia que os convites que chegavam para o Rui prefeito não eram para a pessoa física. E o mundo é feito dessa forma. Nesse ramo da gente tem muita injustiça e ingratidão”, analisou.

De acordo com o futuro vereador, os “abalos” ficaram para trás, e o resultado eleitoral o fortaleceu, tanto que tem estudado e se preparado para atuar como parlamentar e exercer sua função. Sobre o seu posicionamento na Câmara Municipal, antecipou que seguirá com independência e pretende ser um fiscalizador de ações e gastos.

“Vou ser um incansável fiscal da população ao meu modo. Se esperam discursos histriônicos podem esquecer, dancinhas no Tik-Tok podem esquecer, e vou seguir com o meu estilo”, adiantou.

Entre possíveis erros que teria cometido, Rui conta que foi se lançar candidato ao governo do Estado muito cedo e sem recursos e estrutura partidária. Apenas um partido, o Republicanos, o apoiava para a disputa, na qual terminou em terceiro lugar.

Ao falar do pai, Guilherme Palmeira, em mais um momento da entrevista, Rui admitiu que ele faz falta ao seu lado. Conforme lembrou, a capacidade de prever o futuro político e as articulações são coisas com as quais ele não conta mais, porém tenta buscar lições que o ajudem a fazer novas escolhas.

Ao relembrar o momento em que optou pela candidatura de Alfredo Gaspar, o que o obrigou a seguir para o palanque do Governador Paulo Dantas, Rui explica que avaliou que era um nome que, na oportunidade, agregava partido e votos.

POLARIZAÇÃO

Ao se definir politicamente, Rui disse que a polarização não tem ou não deve ter mais espaço. Citou nomes de centro-direita como Ronaldo Caiado, em Goiás, e Tarcísio de Freitas, em São Paulo. “Sempre fui oposição, com uma boa relação em Brasília com deputados do PT e, na Assembleia Legislativa, com Judson e Paulão. Sempre divergimos, mas nunca sem perder o respeito”, disse Rui.

Por isso, quer cumprir o mandato, mas lembrou que, na política, “nada é linear”. “Em 2026 tem eleição, não tenho nada no ‘radar’, mas se tiver uma boa atuação, pode ser que venha a pensar. O importante é assumir a nova missão”.

Em relação ao processo eleitoral da Câmara Municipal, ele acredita que não deve pesar oposição ou situação. Isso porque, na experiência que tem como deputado federal, as composições incluíam legendas de todas as áreas ideológicas.

“Entendo que o que prevalece é a altivez. Tem que ter independência. Se a maioria será da base do prefeito não tem problema, mas temos regras e regimento para o Legislativo ter respeito e dignidade”, afirmou Rui.

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