A eleição da maior economia do planeta está sendo acompanhada de perto por agentes econômicos do mundo inteiro, incluindo o Brasil. A vice-presidente, Kamala Harris, deu novos ares à corrida eleitoral após assumir a candidatura democrata no lugar de Joe Biden, atual presidente do país, que desistiu da disputa em julho em meio à pressão do partido e de eleitores.
Com a mudança, cresceram as expectativas sobre como seria a condução econômica em uma eventual gestão de Kamala, que será estreante no cargo caso vença.
Do outro lado, o republicano Donald Trump é velho conhecido do mercado. O ex-presidente comandou o país de janeiro de 2017 a janeiro de 2021. Em um mandato marcado por diversas polêmicas, mostrou como é sua gestão na economia — ainda que novas ideias estejam sendo avaliadas por investidores.
Com a disputa voto a voto, a desconfiança de que Trump esteja em ligeira vantagem deu o tom do mercado nos últimos dias. As dúvidas estão no efeito de uma postura protecionista do republicano, que promete elevação de tarifas e uma escalada da guerra comercial contra a China.
O primeiro debate — e o único — entre Trump e Kamala ocorreu em 10 de setembro, em uma noite marcada pelo tom mais assertivo da democrata, que se impôs, inclusive, em temas mais confortáveis para o republicano, como imigração e economia.
O cenário eleitoral, no entanto, ainda está indefinido. Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que há dois principais temas que tendem a se refletir na economia brasileira após o vencedor assumir o cargo, em 2025:
Mesmo com semelhanças em alguns aspectos, como a busca pelo fortalecimento da economia norte-americana e a guerra contra a China, a democrata e o republicano têm visões distintas.
Se, por um lado, há um protecionismo mais presente na postura de Donald Trump, Kamala tem princípios mais alinhados a aspectos sociais, com previsão de maior transferência de renda à população mais pobre.E ambas as condutas podem causar reflexos no Brasil, conforme especialistas.
BALANÇA COMERCIAL
Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Isso significa que há um importante fluxo de importação e exportação entre os países.
Welber Barral, consultor especializado em comércio internacional, afirma que a relação do Brasil com os norte-americanos é considerada estável desde o governo de Barack Obama (2009-2017).
Ele aponta, no entanto, que o governo Trump ficou marcado por uma série de decisões “imprevisíveis”. Entre elas, medidas contra a importação de produtos chineses, que acabaram impactando também o fluxo de vendas do mercado brasileiro para os EUA.
“Trump tem batido muito mais forte contra a China e tem atuado para restringir, principalmente, exportações de tecnologia acessível para o país asiático. Ele também tem ameaçado punir países que comecem a operar na moeda chinesa. Então, com Trump, podemos ter uma sanção indireta — ou seja, uma sanção contra a China e que possa afetar as exportações brasileiras”, diz.
Por outro lado, o governo do democrata Joe Biden não só manteve, mas também aumentou as tarifas contra produtos chineses. Em maio deste ano, ele elevou as cobranças sobre itens ligados à tecnologia, como veículos elétricos, semicondutores, baterias, células solares, aço e alumínio.
A medida vem em meio à força do gigante asiático no comércio de produtos superbaratos e no mercado de veículos eletrificados.