Uma Justiça do Trabalho próxima ao trabalhador e das demandas da sociedade. Foi isso o que fez o desembargador Marcelo Vieira nos últimos quatro anos em que esteve no comando do Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas (TRT-AL). Ele deixa o cargo no próximo dia 29.
Na função, Vieira ajudou a mobilizar apoio para a defesa da Justiça do Trabalho. Ele contou, durante o programa GazetaNews Entrevista, que, durante todo esse tempo, trabalhou para aproximar o Judiciário da população.
“A sociedade é quem precisa da Justiça e é lá que ela precisa estar. É fora do gabinete que conhecemos as demandas da população”, enfatizou Vieira. “É lá que estão os moradores de rua, denúncias de trabalho escravo e outros direitos negados”.
Segundo Vieira, isso ajuda a ter “empatia” e compreensão para restabelecer as relações trabalhistas. Ele destaca que foi isso que o norteou na gestão e, por exemplo, quando interveio para conseguir a compra de material de proteção e higiene durante a pandemia de Covid-19.
“Fomos o primeiro a parar e o primeiro a voltar. Fizemos uma ação importante perante a sociedade. Naquele momento tão difícil, órgãos como o Hospital Universitário estava sem condições de comprar álcool e equipamento de proteção como luvas. Tinha até situações de pessoas no chão sobre papelões. Conseguimos converter verbas oriundas de ações civis públicas e termos de ajuste de conduta para repassar recursos. Quase R$ 5 milhões. Fomos o órgão que mais doou durante a pandemia”, lembrou.
As ações sociais se estenderam para acompanhar e cobrar condições de recepção de vítimas de enchentes. O TRT atuou também para o bom funcionamento dos abrigos para os idosos.
Oriundo do quinto constitucional, Marcelo Vieira foi escolhido entre os advogados para compor o tribunal. A eleição ocorreu por meio de lista tríplice e pela escolha da então Presidente Dilma Rousseff.
PRODUTIVIDADE
Nomeado, Vieira construiu nos últimos anos relações com entidades representativas dos trabalhadores e dos empresários, além de ampliar a estrutura de trabalho para os magistrados. Isso gerou mais produtividade e efetivação na conclusão dos processos.
Vieira diz que é essencialmente defensor da mediação. Essa visão ele adquiriu tendo experiência como advogado. Viveu de perto as demandas dos clientes, o que, segundo ele, ajuda a compreender a origem das contendas. “A conciliação gera frutos. Quanto maior a discórdia, mais problemas temos. Quanto maiores as conciliações, abreviamos [esses problemas]”.
Ele revelou que deu continuidade à descoberta de valores em processos parados. O levantamento fez o órgão conseguir repassar recursos “adormecidos”. “Nós até garimpamos processos antigos, com o projeto ‘garimpo’, que faz buscas em processos antigos e encontra dinheiro. E havendo dinheiro, ele é repassado a alguma parte. Foram devolvidos mais de R$ 60 milhões”.
Essa presença em ações benéficas à sociedade faz o desembargador acreditar que deixa a presidência do órgão com a sensação de missão cumprida. “Não tenho dúvidas que aproximar o TRT da sociedade é o nosso maior legado. Em nossa gestão tivemos encontros com moradores de rua, índios, quilombolas e outros tantos segmentos que muitas vezes não são ouvidos”, destacou.
Marcelo Vieira também se dirigiu ao corpo funcional do TRT. Disse que a palavra que define o momento é a gratidão. “Todas as conquistas não seriam possíveis sem a participação de todos. É um sentimento de gratidão e de que cumprimos a missão até o fim”.