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Maceió,
Nº 5844
Tentativa de golpe

MILITARES QUERIAM ASSASSINAR LULA, ALCKMIN E MORAES, DIZ PF

Polícia prendeu ontem 4 militares do Exército e um policial federal que estariam envolvidos com esquema

Por G1 | Edição do dia 19/11/2024

Matéria atualizada em 19/11/2024 às 23h27

A Polícia Federal deflagrou ontem uma operação que revelou uma estratégia golpista para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Quatro militares do Exército foram presos por envolvimento na trama golpista e homicida. Também foi preso um agente da Polícia Federal.

Dos cinco presos, quatro são do grupo de elite do Exército chamado “kids pretos”. Outros, que não tiveram prisão preventiva decretada, também são investigados.

Os presos são: Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Hélio Ferreira Lima. Além deles, também foi preso o policial federal Wladimir Matos Soares.

Os planos foram traçados para serem executados no fim de 2022, logo após Lula ter ganhado a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. E logo antes Lula tomar posse como presidente, em janeiro de 2023.

Foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos.

O plano para matar Lula, Alexandre de Moraes e Alckmin considerava executar as autoridades por envenenamento. “Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto”, detalha a investigação.

BRAGA NETO

O plano dos “kids pretos” foi discutido na casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) e candidato a vice na chapa do PL na eleição presidencial de 2022, segundo as investigações da Polícia Federal (PF).

De acordo com o inquérito, Braga Netto, homem forte do governo Bolsonaro, era uma peça-chave no plano de golpe de Estado. O general da reserva seria o coordenador-geral de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise” caso a ruptura ocorresse. O encontro para planejar as execuções foi confirmado pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid e vai ao encontro de materiais apreendidos com o general Mário Fernandes. O general Braga Netto foi procurado pelo Estadão, mas não respondeu até a publicação deste texto.

CELULAR

O planejamento para executar a chapa eleita em 2022, foi identificado a partir de mensagens apagadas do celular de Mauro Cid. Os arquivos foram recuperados pela investigação e motivaram a Operação Contragolpe, que apura os responsáveis por um plano conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”.

Segundo a Polícia Federal, a reunião na casa de Braga Netto ocorreu no dia 12 de novembro. No encontro, o “planejamento operacional para a atuação dos ‘kids pretos’ foi apresentado e aprovado”. A reunião contou com a participação dos tenentes-coronéis Mauro Cid e Hélio Ferreira Lima e do major Rafael Martins de Oliveira.

Ainda de acordo com a PF, o plano de execuções seria colocado em prática no dia 15 de dezembro de 2022.

A investigação da PF aponta que o ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), o general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, seria o “responsável operacional” por mobilizar os “kids pretos” no plano. O general nega.

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