Gazeta de Alagoas
Pesquise na Gazeta
Maceió,
Nº 0
Rural

ENTIDADES QUEREM AMPLIAR O CONSUMO DO ETANOL EM AL

Diante de um cenário de queda do consumo do etanol, entidades do setor agropecuário e sucreonergético deram início a campanhas de incentivo ao consumo do biocombustível; iniciativas destacam os ganhos proporcionados pelo etanol para o meio ambiente e a economia

Por Editoria do Gazeta Rural com assessoria | Edição do dia 30/05/2020

Matéria atualizada em 30/05/2020 às 04h00

Em reação a redução do consumo do etanol – por conta da pandemia do novo coronavírus e da queda do preço do petróleo no mercado mundial – entidades do setor agropecuário alagoano uniram forças e lançaram campanhas de estimulo ao consumo do biocombustível. Neste cenário, as propostas têm o objetivo primordial de despertar no consumidor a consciência sobre a importância de abastecer com o etanol que, além de ser uma fonte de energia limpa e renovável, gera emprego e renda no campo e fortalece a economia do Estado.

Neste sentido, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal – criou uma campanha nas redes sociais chamando a atenção para o etanol como patrimônio nacional. “O setor sucroenergético é fundamental para o desenvolvimento de Alagoas. Mesmo com a crise econômica enfrentada nos últimos anos, chegou a responder por cerca de 80 mil empregos diretos no estado, no final de 2019, período de safra. Por isso, neste momento extremamente difícil que o mundo inteiro enfrenta, abastecer com etanol é incentivar a produção nas usinas de cana-de-açúcar e garantir o sustento de milhares de alagoanos”, afirma o presidente da Faeal, Álvaro Almeida.

Atualmente, a cadeia produtiva da cana ocupa a maior área cultivada no Estado de Alagoas com cerca de quase 300 mil hectares e aproximadamente 6,5 mil fornecedores.

“Neste momento, não devemos olhar simplesmente a relação de custo, mas, sim, a sustentabilidade e a continuidade dessa atividade secular em nossa região, para que ela se mantenha firme, distribuindo renda, emprego, gerando capital e fazendo com que o desenvolvimento do Estado de Alagoas aconteça”, comenta Edilson Maia, vice-presidente da Faeal. 


Queda na competitividade do etanol com a gasolina preocupa setor do agro
Queda na competitividade do etanol com a gasolina preocupa setor do agro - Foto: Divulgação
 

PROPOSTAS

No último mês de abril, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA – e mais nove entidades do setor sucroenergético, entre elas o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), encaminharam ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, um documento com medidas emergenciais para evitar o colapso do segmento diante dos impactos da crise na cadeia produtiva provocada pela pandemia do coronavírus e agravada pelos baixos preços internacionais do petróleo.

Entre as medidas emergenciais propostas, que permitirão a sobrevivência do setor se adotadas em conjunto, estão a instituição de um programa de warrantagem (uso do produto como garantia em empréstimo), a isenção temporária de PIS/Cofins sobre o etanol hidratado e o aumento da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina para recuperar a competitividade do etanol.

As entidades também pedem medidas de garantia de remuneração aos produtores de cana-de-açúcar, especialmente os fornecedores independentes da matéria-prima. Neste contexto, solicitaram ações para assegurar que as usinas “sejam capazes de cumprir os compromissos com eles assumidos, pagando em dia os contratos de fornecimento”. No documento, as entidades alegam que o etanol, um dos produtos mais impactados pela crise, tem sido vendido abaixo de seu valor de custo.

“O colapso atingirá muitas das 360 usinas e destilarias, além de 70 mil produtores rurais, que, juntos, oferecem cerca de 750 mil empregos diretos e, pelo menos, 1,5 milhão de postos indiretos, em mais de 1200 cidades brasileiras, sem falar na indústria de base e naquela de máquinas e de equipamentos. São 370 usinas e destilarias, 70 mil fornecedores de cana-de-açúcar, num total de 2,3 milhões de empregos diretos e indiretos que estão sob ameaça iminente”, diz o documento.


Sem medidas para socorrer o setor, unidades industriais podem ser duramente prejudicadas no próximo ciclo da cana
Sem medidas para socorrer o setor, unidades industriais podem ser duramente prejudicadas no próximo ciclo da cana - Foto: Divulgação
 

USINAS

“A implementação de tais medidas manteria a competitividade do biocombustível, evitando sérios transtornos em toda a cadeia produtiva, além de compatibilizar a oferta com a demanda decadente”, afirmou o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira, lembrando que, a entidade de classe, que representa as unidades industriais do Estado, também lançou uma campanha para incentivar o consumo de etanol em Alagoas, tendo a ação recebido o apoio da Federação da Indústria do Estado de Alagoas (FIEA), Fecomércio e da Faeal/Senar.

Para o presidente do Sindaçúcar-AL, abastecer com etanol em Alagoas significa desenvolvimento, emprego e circulação de renda para o Estado.

“Independentemente das ações governamentais empreendidas em defesa do setor de etanol, nós podemos contribuir neste processo. Alagoas é o maior polo produtor de etanol do Nordeste. Devemos abastecer nossos veículos com o biocombustível como uma forma de exercemos uma cidadania positiva para o desenvolvimento e para que possamos também preservar empregos no campo”, afirmou.


Para Álvaro Almeida, abastecer com etanol é incentivar a produção nas usinas e garantir o sustento de milhares de alagoanos
Para Álvaro Almeida, abastecer com etanol é incentivar a produção nas usinas e garantir o sustento de milhares de alagoanos - Foto: Divulgação
 

Edgar Filho vem alertando para os danos causados pela queda do preço do etanol desde março passado
Edgar Filho vem alertando para os danos causados pela queda do preço do etanol desde março passado - Foto: Divulgação
 

Para Pedro Robério, abastecer com etanol em Alagoas significa desenvolvimento, emprego e circulação de renda para o Estado
Para Pedro Robério, abastecer com etanol em Alagoas significa desenvolvimento, emprego e circulação de renda para o Estado - Foto: Divulgação
 

FORNECEDORES 

Neste cenário, a Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas – Asplana também deu sua contribuição, iniciando uma ação junto à população para o incentivo ao consumo do biocombustível no Estado.

Desde março passado, preocupado com os prejuízos futuros que a falta de competitividade do biocombustível da cana poderia causar ao setor sucronergético, o presidente da Asplana, Edgar Filho, alertava sobre o problema.

“Com o preço do açúcar e do etanol despencando, o setor sucroenergético passa por uma fase delicada. Passamos por um período de incertezas. Precisamos trabalhar para que o consumo possa ser estimulado e, com isso, reduzir os impactos negativos”, afirmou o dirigente do setor canavieiro alagoano.

/Queda na competitividade do etanol com a gasolina preocupa setor do agro
/Sem medidas para socorrer o setor, unidades industriais podem ser duramente prejudicadas no próximo ciclo da cana
/Para Álvaro Almeida, abastecer com etanol é incentivar a produção nas usinas e garantir o sustento de milhares de alagoanos
/Edgar Filho vem alertando para os danos causados pela queda do preço do etanol desde março passado
/Para Pedro Robério, abastecer com etanol em Alagoas significa desenvolvimento, emprego e circulação de renda para o Estado

Mais matérias desta edição